STF vai julgar caso de fotógrafo que perdeu a visão após ser atingido por bala de borracha – 08/10/2020 – Mônica Bergamo

Na sexta-feira (14), o Supremo Tribunal Federal julgará o caso do fotógrafo Alexander Wagner Oliveir da Silveir, que foi atingido por uma bala de borracha durante uma manifestação em maio de 2000 e perdeu a visão do olho esquerdo.

OBJETIVO

O tiroteio foi executado por um policial militar enquanto Silveira cobria a manifestação. Desde então, ele pediu uma indenização ao estado de São Paulo.

culpa

Embora a indenização tenha sido concedida em primeira instância, o Tribunal de Justiça da União Europeia em São Paulo reverteu a decisão e considerou que o fotógrafo era culpado apenas do ferimento porque “permaneceu no local da queda”.

CONTEXTO

“A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo confirma o comportamento violento da polícia no estado”, diz a carta de apoio ao fotógrafo que assinou 16 matérias, como Conectas Direitos Humanos e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, que entraram na ação como amicus curiae.

Leia a carta na íntegra abaixo:

O caso do fotógrafo Alexander Wagner Oliveir da Silveir, atingido por uma bala de borracha no olho esquerdo durante uma manifestação em maio de 2000, está na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgamento em 14 de agosto. As organizações signatárias desta carta aberta destacam que este momento é crucial, pois o Tribunal representa a última oportunidade para corrigir a grave injustiça que marca um dos episódios mais pronunciados de violência contra comunicadores no contexto de protestos no país.

Em 18 de maio de 2000, enquanto reportava uma manifestação, Silveira foi atingido no rosto por uma bala de borracha disparada por um policial militar, resultando em perda de visão em seu olho esquerdo. Desde então, ele vem lutando por responsabilidade, pedindo ao Estado de São Paulo uma indenização pelos danos.

O caso registra um histórico de injustiças porque, embora tenha sido concedida indenização em primeira instância, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) reformou a decisão e responsabilizou o fotógrafo como único responsável pelo ferimento, pois ele “ficaria inquieto”. A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo confirma o comportamento violento da polícia no estado, incentivando o surgimento de novas violações no contexto dos protestos.

A decisão do STF é importante na medida em que será discutida a responsabilidade do Estado pelos danos sofridos por Silveira. Quando a polícia extrapola seus poderes e reprime violentamente manifestantes e comunicadores, ignorando os direitos consagrados na constituição federal, o judiciário tem o dever de garantir esses direitos, o que inclui a indenização das vítimas e a responsabilização dos órgãos de segurança pública.

O direito de protesto deve ser garantido independentemente da agenda da manifestação e do acordo político dos representantes do Estado e membros do sistema judicial com o seu conteúdo. Além disso, a presença da imprensa nas manifestações deve ser garantida de forma segura, como elemento indispensável para o pleno exercício da liberdade de imprensa e informação, direitos essenciais e inegociáveis ​​em uma sociedade verdadeiramente democrática.

Porém, a decisão do TJSP, entre outras, alimenta a violência policial, a repressão seletiva, o assédio aos comunicadores e a insegurança da ação policial, violação das garantias internas ao estado democrático. Portanto, a omissão da Justiça em enfrentar tais violações colabora na sua manutenção e conservação no Brasil.

Nesse sentido, há outro caso emblemático do fotógrafo Sergio Silva, também afetado pelo olho esquerdo, ao fazer manifestações em junho de 2013 e ainda aguardar indenização na Justiça. Vale destacar que o que aconteceu no Brasil tem paralelos em outros países da região, no Chile mais de 200 pessoas foram vítimas de traumas oculares graves durante a onda de protestos que tomou conta do país no final do ano passado.

Diante disso, as organizações signatárias destacam a importância do caso Alex da Silveira para a garantia de direitos fundamentais, como o protesto, a liberdade de expressão e de imprensa. Cabe ao STF corrigir as injustiças até então graves cometidas contra o fotógrafo, resguardando os direitos individuais e coletivos em questão.

Artigo 19

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)

Associação para o Avanço das Comunicações (APC)

Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ)

Conectas Direitos Humanos

Direitos Digitais, América Latina

Gabinete de Assessoria Jurídica para Organizações Populares (GAJOP)

IFEX

IFEX-ALC

Instituto Brasileiro de Ciência Forense (IBCCRIM)

Instituto de Defesa e Defesa Legal – IDDD

Instituto Pro Bono (IPB)

Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC)

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Núcleo especializado de cidadania e direitos humanos da defensoria pública do estado de São Paulo

Repórteres sem Fronteiras (RSF)

QUARENTENA

com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO

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