De acordo com a comunicação enviada aos trabalhadores no dia 24 de julho, e a que a agência Lusa teve hoje acesso, com base no encerramento estão “a redução das vendas nos últimos anos, apesar do grande investimento feito em 2017”, “a deterioração da resultados operacionais “,” os fluxos de caixa negativos gerados nos últimos anos “e” as perdas registadas “.
Segundo o governo, essas circunstâncias foram “agravadas pela situação que a pandemia covid-19 é e continuará a causar na economia e nos mercados”, não vendo a empresa “viabilidade em recuperar os negócios e obter rentabilidade sustentável, com fluxos de caixa positiva “.
Um trabalhador, que pediu anonimato, afirma, no entanto, “não perceber o real motivo do encerramento”, garantindo que “a empresa sempre manteve encomendas e faturação suficientes para o seu principal cliente, a IKEA Indústria Portugal”. Os colaboradores questionam ainda “o motivo pelo qual a direcção da empresa nunca sequer cogitou a eventual entrada em ‘lay-off’, situação que ocorreu em todas as outras empresas do grupo”, na sequência da crise gerada pela pandemia.
Os trabalhadores afirmam sentir-se “ainda mais indignados e magoados” porque a empresa passa a propor indemnizações com “valores inferiores aos que pagou a todos os outros trabalhadores que saíram nos despedimentos anteriores”, acrescentando que “a Sonae Indústria sempre pagou nessas situações, no mínimo, à taxa de 1,16 [salários] para cada ano de contrato, quando agora pretende fazê-lo apenas a 1,00 “.
Procurada pela agência Lusa, a fonte oficial da Movelpartes explicou que, “apesar dos investimentos efectuados”, a unidade “tem tido um mau desempenho nos últimos anos, com resultados negativos acumulados, realidade que se tem agravado com a situação pandémica”.
“Perante estas circunstâncias, o Conselho de Administração decidiu encerrar total e definitivamente esta unidade industrial”, disse, acrescentando que “o processo de encerramento, anunciado em Julho passado, deverá estar concluído antes do final do ano”.
Conforme referido na comunicação enviada aos trabalhadores, a decisão implica o despedimento colectivo dos 43 trabalhadores da empresa, “com excepção do trabalhador que celebrou contrato de rescisão contratual com empresa do grupo Sonae Indústria para o exercício de outras funções “.
O despedimento coletivo agora decidido é o terceiro realizado na Movelpartes na última década: em janeiro de 2009 foi anunciada a saída de 42 trabalhadores da unidade de Vilela e, em junho de 2015, a decisão de realocar toda a produção da unidade de Alcanede para Paredes ( Santarém), originou a saída de 51 colaboradores desta fábrica.