Muitos pensaram: quando o então juiz Sergio Moro aceitasse o convite para assumir o comando do Ministério da Justiça, Lava Jato ganharia mais poder e limparia o país.
Funcionou? Não aparece.
Moro, de fato, ganhou maior poder formal quando se tornou ministro. Mas ele estava mais ligado ao presidente Jair Bolsonar e a todos os interesses em mudança de qualquer governo.
Ou porque não era politicamente apropriado interferir no Congresso quando importantes votos estavam na agenda, como Reforma previdenciária; ou porque pode parecer uma provocação com o prefeito Rodrigo Maia (DEM-RJ), devido ao fato de ele não priorizar o pacote de segurança; ou até porque o próprio Presidente da República se queixou de ações que poderiam ocorrer em seus filhos e aliados políticos.
O resultado: em vez de crescer, a Operação Lava Jato ficou menor no momento em que o grande chefe Sergio Moro estava no governo.
Infelizmente para o então ministro e seus alunos na República de Curitiba, o site da Intercept Brasil também apareceu com transcrições de conversas entre os promotores Moro e Lav Jato, combinando estratégias de ação com investigações politizantes: agora devido a vazamentos contra o ex-presidente Lula (PT) e o então CEO, Dilma Roussef (PT) agora está evitando demitir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Lá, Moro deixa o governo e se livra dos laços políticos do presidente Jair Bolsonar. Agora ele tem apenas seus interesses políticos. Ele e seus aliados no Ministério Público não toleram mais os laços bolcheviques.
Eles podem reagir ao ambiente dos políticos de esquerda e direita, assim como a grande parte da Suprema Corte. Há até um cerco pelo Gabinete do Procurador Geral, cujo chefe, Augusto Aras, ameaça derrubar o poder dos lavais durante os julgamentos.
Coincidentemente ou não, aqui, o rebanho de lava sobe atirando em todas as direções e tentando desfazer o cerco.
Desde a partida de Moro, ele já iniciou operações contra o senador José Serra (PSDB-SP), contra o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, exigiu o bloqueio de centenas de milhões de reais desviados da Petrobras e da Eletrobras, reservou recursos para combater contra coronavírus e nesta terça-feira ele se voltou contra o deputado Paulinho da Força (SD-SP), vinculado ao centro.
O fato é que Lava Jato hibernou durante a passagem de um ex-juiz pelo governo e tentando voltar à superfície, agora que Moro e os promotores precisam de uma plataforma.
Provavelmente, é coberto por razões técnicas para a ação. E pode até ser que interesses políticos não estejam envolvidos. Afinal, ninguém precisa acreditar em teorias da conspiração, nem mesmo em bruxas.
Mas como diz o velho ditado espanhol, “pero que las hay, las hay” …