A taxa de crescimento da economia chinesa foi divulgada nesta quinta-feira (16) no segundo trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Foi de 3,2%, um pouco acima dos 2,7% esperados no Ibre. Em um ano, estimamos que a economia chinesa cresça 1,2%.
Dado que a economia chinesa recuou 6,8% no 1º trimestre de 2020 em comparação com o 1º de 2019, a recuperação foi muito forte. A China já está se movendo em um nível ligeiramente superior ao do quarto trimestre de 2019, pouco antes da epidemia começar lá.
De acordo com nossa previsão, no quarto trimestre, a China estará um ponto percentual abaixo do ponto que estaria na ausência de uma pandemia, dada a tendência de crescimento econômico de 5,6% ao ano.
Para o Brasil, o Ibre-FGV revisou o crescimento de 2020 de 6,5% para 5,5%. No segundo trimestre, o PIB deverá cair 10,8% em comparação com o mesmo trimestre de 2019.
Todas as indicações são de que o crescimento na América do Norte será muito semelhante ao do Brasil: uma queda de 5%, uma queda de 10% ou um pouco menos no 2º trimestre comparado ao segundo trimestre do ano passado.
O desempenho chinês foi muito melhor que o brasileiro ou americano. A comparação é difícil porque a tendência de crescimento da China é muito maior do que a do Brasil ou dos Estados Unidos.
Mas um exercício simples mostra que a China está indo bem, mesmo considerando essa diferença.
Se a tendência de crescimento da China for de 1,5% ao ano, próxima ao Brasil e aos EUA, e tudo o mais for constante, a economia chinesa sofrerá um declínio de 2,5% neste ano (em comparação com nossa previsão de crescimento de 1,2%, dado o real tendência). No entanto, a retirada da China seria menor do que o previsto para o Brasil e os EUA, variando de 5% a 5,5%.
A China se saiu melhor do que o Brasil ou os Estados Unidos, pois a parcela de serviços no PIB, o setor mais afetado pela pandemia, é muito menor no país asiático, exceto pelo fato de lidar melhor com a pandemia.
Para 2022, nossa cifra – muito especulativa – sugere um forte crescimento chinês de 9%, o que coloca o país de volta no caminho de expansão que teria ocorrido sem uma pandemia. Muito provavelmente, na segunda metade de 2022, a população chinesa foi vacinada, ou seja, uma parte significativa dela.
Voltando ao ano anterior, se a tendência de crescimento da China fosse de 1,5%, o crescimento do PIB em 2022, após um declínio (hipotético) de 2,5% em 2020, seria de 6%. E os fortes voltam.
Qual será o comportamento do Brasil e dos Estados Unidos? Se a China recuperará praticamente toda a perda econômica da pandemia até o final de 2022, por que não recuperar toda a nossa perda em um pouco mais de tempo?
Muitos analistas veem grandes dificuldades com a atividade econômica no Brasil em 2022 porque haveria uma forte contração fiscal.
Minha interpretação, que já apresentei nessa área em 16 de maio, é que o aumento dos gastos públicos em uma crise não pode ser entendido como uma expansão fiscal estimulante. Não gastamos mais para incentivar atividades produtivas, mas para permitir que as pessoas fiquem em casa.
Se um estímulo fiscal coordenado com o retorno da atividade produtiva for retirado, um estímulo público poderá ser trocado por um privado, sem impedir a recuperação econômica.
Hoje, o obstáculo é uma maneira ineficiente de lidar com a crise da saúde.
Algumas notícias positivas, baseadas na redução do limite da população imunizada – devido à heterogeneidade da mesma população – para provocar a imunização natural, sugerem que podemos ter uma solução mais completa antes da vacina.
De qualquer forma, após o retorno da perda da crise, retornaremos à nossa mediocridade habitual.