O empresário catarinense Luciano Hang, um dos aliados mais movimentados do presidente Jair Bolsonar, foi condenado pelo Judiciário de São Paulo a indenizar o reitor da Unicamp Marcel Knobel para US $ 20,9 mil.
Em 24 de julho de 2019, o proprietário da rede de lojas Havan, conhecida por seu traje de bandeira verde, escreveu em seu twitter que o reitor da Universidade de Campinas gritou “Viva la Revolução” durante a formatura, como disse a um amigo.
Hang terminou o post com um comentário: “E então eles dizem que nossas universidades não estão contaminadas? Vá para o reitor venezuelano do FDP”.
Cinco mil e trezentas pessoas gostaram do tweet.
No entanto, a história não era verdadeira, como descobriu o juiz Mauro Iuji Fukumoto, do 1º Tribunal de Finanças Públicas de Campinas. “O reitor não gritou ‘Viva la revolucion’ na cerimônia de formatura.”
Pravdi, o reitor que é professor de física, disse que nem sequer participou do exame de graduação. “Não participei de nenhum evento de formatura no final de 2018, nem mencionei uma palavra assustadora em nenhuma ocasião. Este é obviamente um caso bem conhecido de notícias falsas”.
Em sua decisão, o juiz informou que, durante a cerimônia, um dos membros do painel gritou, de acordo com declarações de testemunhas. Ele explica, no entanto, que não houve consenso entre eles sobre o conteúdo exato das manifestações. Um deles disse que, de fato, a frase correta seria “Resistência Viva” e não “Viva a Revolução”.
“Mas isso não muda a situação”, disse o juiz. “O fato não aconteceu como o empresário disse. O reitor não pode ser responsável por tal demonstração, como se fosse dele.”
Segundo o juiz, o empresário tentou atribuir ao reitor “um radical e um extremista, alguém que manifesta uma posição política em um evento acadêmico sem qualquer relação com o contexto, incapaz de separar sua suposta opção ideológica dos deveres inerentes aos cargos que ocupa”.
A defesa de Hang disse que ele apenas reproduziu o fato que seu amigo disse a ele nas mídias sociais. “Você. Luciano Hang não cometeu nenhum ato ilegal, eis que o cenário está dentro da estrutura de proteção da liberdade de expressão, mesmo que estivesse errada”, escreveram os advogados Murilo Varasquim e Victor Leal.
O advogado de defesa do empresário também afirmou que “FDP” não foi usado com a finalidade de insultar o reitor e que não deve ser interpretado literalmente. Segundo eles, a expressão não cria dano moral, “não passa de um inconveniente cotidiano ao qual todos pertencem
assuntos “.
O juiz não aceitou o argumento. Além da multa, ele condenou o empresário a se retirar para uma rede social com o mesmo número de linhas que o tweet original.
É possível registrar uma apelação.