Produtor ‘O Homem Que Copiava’ é acusado de racismo e rebate diretor – 07.07.2020

Durante uma discussão ao vivo promovida pela Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul (APTC-RS), a linha do produtor Luciano Tomasi de “Saneamento Básico, O Filme”, ​​2007, e “Meu Tio Matou um Cara”, 2004, e ” Sobre o Homem Que Copiava ”, 2003, além de séries da TV Globo como “Decamerão, Comedia do Sexo” e “Brava Gente”) são acusados ​​de racismo.

Questionado sobre a possível influência francesa no filme “Inverno” (1983) produzido por Luciano e a europeização do cinema gaúcho, o produtor enfatizou os sobrenomes de origem européia entre a maioria dos convidados e pronunciou a seguinte frase:

Não faz sentido tentar fazer um filme com escravos, sabe? (…) eu até tenho sangue francês (…) cada um tem [filme] sobre a sua história.

Além dela, o diretor e roteirista Giordano Gio, o mediador, além do diretor e roteirista Carlos Gerbase (marido e parceiro profissional de Luciana), o editor Giba Assis Brasil e a atriz Luciene Adami, fazem parte de “Winter”. Completando a linha, a roteirista Mariani Ferreira, a única mulher negra do grupo.

Gerbase e Adami riram dos comentários de Luciana, aos quais Mariana, em voz abafada, se dirigiu:

Acho que há duas coisas no cinema gaúcho que sempre me impressionam: mostrar Porto Alegre que é apenas um pedaço da verdadeira Porto Alegre, não é uma Porto Alegre total. Ao mesmo tempo em que Porto Alegre é Porto Alegre dos Tomasi, Gerbasi, dos Adami, Porto Alegre também é Porto Alegre dos Oliveira Silveira. Porto Alegre é o berço de 20 de novembro [feriado do Dia da Consciência Negra], É muito triste dizer que ‘filmes de escravos’ não são feitos em Porto Alegre.

Depois que Luciana disse que “os filmes de escravos são feitos em Porto Alegre”, Mariani respondeu que na verdade eram filmes da Casa Grande:

Nesses filmes, vemos uma peça extremamente branca, uma Porto Alegre muito branca.

Em seu perfil do Instagram, Mariani postou uma explosão:

Discursos extremamente racistas e infelizes defenderam que o cinema não composto por descendentes de europeus deve contar sua própria história: trai os escravos. Nossa existência é muito maior do que a história da dor que nossos ancestrais sofriam dos europeus e de seus descendentes. Os filmes feitos por negros são filmes e período. Os cineastas negros abordaram uma variedade de tópicos em seu trabalho com sensibilidade e talento.

#Repost @frases_oficial (@get_repost) ??? REPÚDIO NOTA: No programa da APTC-RS (Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos), em 3 de julho, um discurso extremamente racista e infeliz, ele defendeu que o cinema não formado por descendentes de europeus deveria contar sua história: quartos de escravos. Nossa existência é muito maior do que a história da dor que nossos ancestrais sofriam dos europeus e de seus descendentes. ? ? Os filmes feitos por negros são filmes e período. Os cineastas negros abordaram uma variedade de tópicos em seu trabalho com sensibilidade e talento. Lamentamos profundamente que em 2020 tão pouco se saiba sobre a cultura brasileira. E escrevemos a cultura brasileira porque a cultura negra é uma parte central dessa cultura. Repetimos que a história negra é rica, muito além da escravidão e da escravidão. A escravidão, que até terminou séculos antes, insiste em nos impor como nossa história e argumento. Nossa história é mais do que eles nos fizeram, transcende o genocídio que marca nossas peles com ferro quente. ? É urgente refletir uma narrativa que corresponda ao tamanho da negritude; sentimos que é da maior importância lembrar e lembrar que quem tem o hábito de colocar um lugar negro de subordinação nas telas é a brancura. ? “Precisamos falar sobre libertar a mente tanto quanto libertar a sociedade” (Angela Davis). Edit 1: Na versão original deste post, chamamos o discurso de lamentável. Mas a declaração dada durante o show foi racista, foi um ato de racismo. É por isso que editamos lá. É sempre importante relatar atos de racismo como eles são. ? #MacumbaLab #pretosnocinema #artistaspretos #vidanegrasimportam #tempretonosul #audiovisualpreto ?? #cinemapretogaucho

A publicação que ele compartilha Mariani Ferreira (@ marianiferreira90) em

Após trechos da discussão ressoados nas mídias sociais, a APTC-RS editou uma descrição completa da discussão no YouTube, para incluir na declaração o aviso “este vídeo contém slogans racistas”:

O silêncio e as omissões dos outros participantes após o evento revelam outra realidade do audiovisual brasileiro branco, incapaz de perceber ou reagir imediatamente a absurdos como o que gravamos aqui. Não podíamos ficar calados no momento, por mais chocados que estivéssemos. A APTC reconhece novamente e se desculpa por seu erro de não ter reagido com urgência à situação, não assumindo uma posição imediatamente.

Observar as declarações e silêncios racistas presentes neste debate é embaraçoso, doloroso e ofensivo. É importante, no entanto, disponibilizar o registro desse debate em sua totalidade, para não cometer o erro de tornar o debate invisível em uma sociedade manchada por uma forte herança colonial e proprietária de escravos, no contexto em que essa entidade emergiu e se consolidou.

Luciana postou um extenso pedido de desculpas em seu perfil do Instagram:

Quem nos conhece e conhece as causas pelas quais sempre lutamos sabe que nenhum sentimento de exclusão ou preconceito se adequa ao nosso coração. Mas isso de forma alguma nos liberta do erro que cometemos

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