Os americanos podem estar respirando plástico sem nem perceber. Um estudo publicado quinta-feira na revista Science descobriu que mais de 1.000 toneladas de partículas caem anualmente em parques e desertos nacionais no oeste dos Estados Unidos. Esse valor é equivalente a mais de 123 milhões de garrafas plásticas.
Por mais de um ano, os cientistas pesquisaram 11 parques nacionais e áreas selvagens do país e encontraram pequenos pedaços de plástico em 98% das 339 amostras coletadas. O plástico representou 4% de todas as partículas de poeira testadas no estudo.
A idéia inicial era investigar como a poeira carrega nutrientes, não plástico. Mas depois que olhamos para o microscópio e vimos as fibras coloridas entre os pedaços de poeira, a equipe mudou de foco.
Os pesquisadores coletaram amostras tanto em condições de baixa umidade quanto em períodos de chuva e neve. As maiores partículas foram coletadas nas estações mais difíceis, enquanto as menores foram coletadas em clima seco.
Segundo o estudo, é provável que partículas embebidas em tempo chuvoso ou com neve venham de algum lugar relativamente próximo. Partículas menores e mais leves, que compunham 75% do plástico testado, foram transportadas por longas distâncias a altas correntes na atmosfera.
Embora a descoberta tenha sido feita nos Estados Unidos, o perigo pode ser global. Em entrevista ao New York Times, a cientista que liderou a pesquisa, Janice Brahney, da Universidade Estadual de Utah, disse que não há lugar no planeta Terra sem a presença de microplásticos.
Segundo Brahney, o fenômeno dos microplásticos pode contribuir para a interferência ambiental em comunidades microbianas e causar danos ao meio ambiente. Já se sabe que o material precisa de tempo para se decompor, o que o torna um contaminante importante. No ano passado, os cientistas descobriram o plástico encontrado no oceano desde os anos 1960.
Além disso, os animais e nós humanos já podemos respirar ou inalar essas partículas. Alguns anos atrás, outro estudo descobriu microplásticos em minhocas e excrementos de frango na região do México. Embora, de acordo com a cientista Janice Brahney, “os efeitos na saúde da absorção de partículas plásticas não sejam bem conhecidos”.