A Polícia Civil brasileira prendeu um funcionário do supermercado Carrefour supostamente envolvido na morte de João Alberto Freitas, um cidadão negro de 40 anos que foi espancado e morto por seguranças no supermercado na semana passada.
A mulher agora detida, Adriana Alves Dutra, é agente de vigilância da unidade do Carrefour onde ocorreram os assaltos na cidade brasileira de Porto Alegre, e aparece em imagens de vídeo divulgadas por cidadãos que testemunharam as cenas de violência contra João Alberto Freitas.
Segundo a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Vanessa Pitrez, as autoridades acreditam que a mulher teve papel decisivo nas agressões, pois, devido ao seu cargo, teria poder de comando sobre os dois guardas de segurança.
Uma das testemunhas do crime afirma ter sido ameaçada pelo agente de fiscalização do Carrefour, enquanto filmava as agressões.
Os seguranças que atacaram João Alberto Freitas foram presos na noite do crime.
Na segunda-feira, a Polícia Civil informou que sete pessoas estão sendo investigadas nesta investigação.
João Alberto, um homem negro de 40 anos, foi espancado violentamente até a morte por dois seguranças brancos da rede de supermercados francesa Carrefour, na cidade brasileira de Porto Alegre, na noite de quinta-feira.
Os violentos ataques, captados em fotos e vídeos e amplamente divulgados nas redes sociais, chocaram os brasileiros e provocaram inúmeras críticas.
Além dos socos, chutes e estrangulamentos dados ao homem, testemunhas relataram ter ouvido os gritos de socorro de João Alberto, bem como suas declarações de que ele não conseguia respirar.
Após essa morte, ocorrida às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemoração instituída no Brasil em homenagem a Zumbi, líder histórico do quilombo dos Palmares, comunidade criada por negros fugitivos no Nordeste do Brasil que resistiram à escravidão imposta pelos portugueses durante o colonização, milhares de pessoas saíram às ruas em protesto contra o racismo no país sul-americano.
Na terça-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou a existência de “racismo estrutural” no Brasil e pediu uma investigação independente sobre a morte de João Alberto.
Foi “um caso extremo, mas infelizmente reflete a violência recorrente contra a população negra no Brasil”, avaliou a porta-voz do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, Ravina Shamdasani.
Racismo estrutural é o termo usado para descrever sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento de outras.
“O número de vítimas afro-brasileiras de homicídio é desproporcional se comparado a qualquer outro grupo”, disse a porta-voz da ONU.
Depois do caso que chocou o país, a rede Carrefour anunciou a criação de um fundo de 25 milhões de reais (3,9 milhões de euros) para promover a inclusão racial e combater o racismo no Brasil.