“Podemos vacinar contra a vacina Covid-19 em janeiro”, afirma o diretor do Butantan – 11.11.2020. – Equilíbrio e saúde

O diretor do Instituto do Butão, Dimas Tadeu Covas, 63, afirma ser viável que o estado de São Paulo comece a vacinar contra o coronavírus em janeiro de 2022.

O Butantan, instituição pública afiliada ao governo de São Paulo, fechou acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac para testar e fabricar a vacina em larga escala. Os ensaios clínicos estão ocorrendo em seis estados e envolverão 9.000 voluntários em 12 centros de pesquisa.

“Há muitas pessoas que dizem que ele é muito otimista. Isso pode estar relacionado a outras vacinas, não esta [chinesa]”, Afirma o médico, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).

A Rússia aprovou sua vacina na terça-feira (11) e disse que planeja usá-la amplamente até outubro. O governo do estado de São Paulo afirmou que não deve se envolver em pesquisa ou produção com os russos. “Instituto [Butantan] já está totalmente envolvida nas pesquisas da CoronaVac, farmacêutica Sinovac Biotech ”, afirma a nota.

Entrevista de Covas com Folha foi feito antes do anúncio russo. O diretor do Butão acredita que o estudo chinês é atualmente o mais avançado do mundo. “A vacina pode chegar ao mercado mais rápido”, disse ele.

A vacina depende de resultados positivos de eficácia e segurança para registro na Anvis (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Já está sendo produzido na China e aguarda aprovação para uso emergencial.

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G. prevê o início da vacinação contra o coronavírus em janeiro de 2022. Não há muito otimismo, visto que os ensaios clínicos ainda estão em andamento?A vacina chinesa Sinovac já está em processo de produção. Ele chegou a essa fase muito rapidamente, pois já haviam começado seu desenvolvimento ali, quando houve uma epidemia de SARS. [Síndrome Respiratória Aguda Grave].

A China agora tem quatro vacinas em estágios avançados com base nisso. Com o coronavírus, foi uma adaptação, simplesmente mudou o vírus. É por isso que foi feito em três ou quatro meses.

Essa vacina já está pronta, aguardando aprovação para uso emergencial. Outros são usados ​​com urgência lá. Os militares chineses já estão vacinando. Segurança comprovada, procedimento [na China, em relação às normas regulatórias] é diferente.

Quando, do ponto de vista prático, teremos uma vacina chinesa no Brasil?Teremos 5 milhões em outubro, 5 milhões em novembro e outros 5 milhões em dezembro.

Mas o registro na Anvis requer ensaios clínicos com 9.000 voluntários para comprovar a eficácia. Isso será possível em tão pouco tempo?Portanto, esta é uma grande incógnita. De qualquer forma, essas 15 milhões de doses serão produzidas e é provável que os resultados esperados ocorram.

As vacinas já estão sendo produzidas. É a produção de risco, exatamente para ganhar tempo antes que a eficiência seja mostrada.

E qual produção é baseada em quais parâmetros de eficiência?744 pessoas participaram do estudo publicado. A indução da imunidade protetora celular e humoral foi superior a 90% nos indivíduos vacinados. É um perfil muito bom. Por exemplo, não temos um perfil para uma vacina contra influenza que seja eficaz entre 40% e 50%.

Se tivéssemos uma vacina com 30% de eficiência hoje, seria extremamente útil. Se eu acionar 30% de imunidade protetora em um grupo inteiro de pessoas, acabo com a epidemia. Reduzi o número de casos, mortes.

As pessoas ainda não entenderam isso. Este é um cenário muito sério. E tem gente que usa besteira, cloroquina, hidroxicloroquina. Se você tivesse uma vacina segura, sem efeitos colaterais, com 30%, 50% de eficácia seria extremamente benéfica. Em São Paulo, 90% das pessoas ainda são suscetíveis à infecção.

Então, janeiro é um prazo realista para iniciar a imunização?Este. O método de realização do estudo é muito favorável considerando a situação atual da epidemia no Brasil, a frequência de casos, expôs trabalhadores de saúde. Se completarmos a adição de 9.000 até setembro, que é o plano, provavelmente mostraremos eficiência em outubro ou novembro. Ao mesmo tempo, a Anvisa mostra claramente que haverá um processo de análise acelerado.

Quando digo que podemos ter uma vacinação inicial em janeiro, não é além de uma análise de cenário bruta. Muitas pessoas dizem que ele é otimista demais. Isso pode estar relacionado a outras vacinas, não esta [chinesa].

Por ser uma vacina tradicional, o Butantan já possui duas vacinas com essa tecnologia, raiva e dengue. Isso cria um cenário muito favorável. Atualmente é a vacina mais avançada que pode chegar mais rápido ao mercado.

Os grupos prioritários no estado de São Paulo já estão definidos?Isso ainda não foi comentado no Plano Nacional de Imunizações, mas o perfil será muito semelhante ao das vacinas contra influenza, com exceção de crianças que não fazem parte da população de risco para coronavírus. Ou seja, idosos com deficiência imunológica, comorbidades, alta exposição, profissionais de saúde e segurança.

O Brasil tem 30 milhões de idosos em números hoje. Nessa população, existem aqueles que foram ou serão infectados naturalmente, que são imunes. Estamos falando inicialmente de uma população que não ultrapassará 50 milhões. Uma segunda fase de vacinação seguiria para atingir a imunidade de rebanho, para o controle final da circulação do vírus. Para isso, teríamos que ter mais de 95% do comprometimento da população.

Outra questão que se levanta: haverá seringas suficientes para essa imunização em massa?A vacina que estamos desenvolvendo junto com o Sinovac já vem com seringa. Esses 15 milhões iniciais são doses únicas em uma seringa. Aliás, o Brasil tem o maior programa público de imunização do mundo. Não há dificuldades logísticas na distribuição da vacina.

Já existem movimentos para boicotar a vacina contra o coronavírus. Notícias falsas também estão circulando sobre a vacina chinesa. G. tem medo de que isso atrapalhe a imunização?O movimento antivacinas no Brasil ainda não está em andamento e não avançou. O que existe aqui é um movimento de desatenção à vacina, que é um pouco diferente. Foi o que aconteceu com a recorrência do sarampo.

Quando lançamos o pré-registro da vacina, tínhamos 1,5 milhão de assinantes em uma semana. Esse trabalho de falar sobre a China é inútil. A Apple está aqui, ótimos aparelhos, os aplicativos são feitos na China. É uma potência mundial em termos de ciência e tecnologia. Somente aqueles que não conhecem a China a usam como uma ideologia a ser ignorada. Eu não tenho medo de ter nada significativo [à vacina chinesa].

O estado de São Paulo tem autonomia para elaborar seus próprios planos de imunização. Existe alguma chance de o estado vacinar contra o coronavírus sem o governo federal?Essas 15 milhões de doses já foram contratadas.

Esta semana receberei a visita do Ministério da Saúde que só agora está pronto para conversar. eu espero [governo não aderir] isso não acontece. Seria muito ruim para o estado trazer 15 milhões de doses para vacinar os paulistas, e vacinas não estão disponíveis para o Brasil. Espero que haja julgamento suficiente do governo federal para não seguir esse caminho. Isso seria um desastre. Não adote vacina só porque foi feita no estado de São Paulo, porque é chinesa.

Raio X

Dimas Tadeu Covas, 63 anos
É graduado em medicina pela USP, mestre, doutor e professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Hematologista, também é Diretor Presidente da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto. Ele dirige o Instituto Butão em São Paulo desde 2017.

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