PM extraditado após violência doméstica: “Era para ser ouvido, não espancado” – 15.06.2020

“Se eu não tivesse as filmagens, seria apenas mais uma.” Foi assim que o técnico de radiologia, de 22 anos, está travando uma batalha para provar que sofreu um ataque duplo. Ao ativar a Polícia Militar após sofrer violência doméstica perpetrada por seu irmão, do local da vítima, a jovem suspeitou e acabou atingindo o bastão de um policial. A jovem pede para não se identificar porque tem medo de retaliação.

O incidente ocorreu na noite de 21 de março em Presidente Prudente, a 557 quilômetros de São Paulo, mas um vídeo de agressão policial apareceu apenas no início deste mês. Imagens tiradas pelo circuito de segurança mostram duas PMs do lado de fora do carro. Um deles aponta um dedo para a vítima e o golpeia duas vezes com um graveto. Ele ainda pegou a mão dela e a puxou pelo veículo da polícia.

Segundo a jovem, ao participar de violência doméstica, a polícia se recusou a denunciar o relatório porque veria que o irmão dela também tinha marcas no corpo. A equipe então demitia o garoto.

“Lutei com meu irmão e liguei para a polícia. Eles chegaram e me disseram para ir à delegacia. Enquanto isso, meu irmão conversou com a polícia, que acabou dando um motivo, alegando que eu obviamente não estava ferido, mas ele sim. “Meu irmão foi demitido e eu perguntei por que, já que eu era uma vítima que pediu um favor. O policial não gostou e ela retirou a mesa de cabeceira”, diz a jovem.

Segundo o técnico em radiologia, o primeiro ministro não gostaria da ironia de agradecer o serviço defeituoso. Após o ataque, ela foi levada à Delegacia Geral de Polícia Civil de Presidente Prudente por suposto desrespeito. Estava de pijama e chinelo e sem papel e telefone celular.

“Em nenhum momento eu os desafiei. Eles disseram que os amaldiçoei, mas o que eu disse foi ‘muito obrigado pelos serviços prestados’. Isso foi considerado uma contravenção”, diz ela.

“Fui ferido na região das nádegas, o local estava muito roxo. Meu braço doeu por muitos dias. Embora eu não tenha reagido, eles ainda usam muita força”.

Um ataque policial se aplica mais à vítima

Técnico de radiologia atacado por policial não quer ser identificado por medo de retaliação - Arquivo pessoal

Um técnico de radiologia atacado por um policial não quer ser identificado por medo de retaliação

Imagem: Arquivo pessoal

Na delegacia, a jovem diz que o policial a impediu de denunciar um relatório policial de violência doméstica contra o irmão e ferimentos pessoais a um policial. Eles, por outro lado, conseguiram tirar a denúncia de desrespeito.

O funcionário de plantão alegou que a delegacia estava fechada para as BOs cara a cara. A vítima não recebeu registro até o dia seguinte, quando foi à Delegacia da Mulher.

“Ela foi levada para o porta-malas, de pijama, sem telefone celular e apenas calcinha. Antes de concluir as declarações, eles já tinham um boletim de ocorrência preparado como se ela admitisse desprezo”, disse uma das jovens advogadas Camila Brito.

A vítima não quis descrever em detalhes a violência doméstica para preservar seus pais, mas acredita que, apesar de ter sido atacado por seu irmão naquele dia, o sentimento de injustiça causado pelas ações da polícia causa mais raiva.

“Meu irmão foi quem mais me atacou, mas o ataque ao policial foi o mais difícil para mim. O que me deixou mais irritado foi a ação do policial, sem dúvida”, diz ele.

“Com todos esses fatos ocorrendo em um curto período de tempo, um após o outro, além de sentir uma injustiça que já dói muito, fiquei chocado. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Precisava ser ouvido, não atingido”.

Trauma pós-progressivo

Um vídeo mostrando o ataque aos policiais foi tirado de uma câmera da empresa localizada ao lado da casa onde a jovem mora com os pais e o irmão. Tornou-se a principal evidência contra a polícia porque testemunhas não testemunharam. Era pouco mais de 11 da manhã quando tudo aconteceu.

“Minha versão nunca teria sido considerada se não tivesse sido gravada. [de justiça] porque tem essa gravação, senão eu teria desistido. Agora eu sei o quão difícil é buscar justiça em um meio que deve ser justo com você. Se eu não tivesse as gravações, seria apenas mais uma “, diz ele.

Um técnico em radiologia revela que a dupla violência sofreu traumas, como dificuldade em dormir e medo de sair às ruas porque a polícia não foi removida.

“Não consigo mais dormir. Vou dormir às 6 da manhã e acordo duas ou três horas depois. Um dia acordei pensando que havia um homem no meu quarto”, diz ele.

Policiais foram denunciados por nove crimes

O caso gerou notícias criminais sobre a defesa de uma jovem contra quatro policiais militares envolvidos no incidente e um policial que se recusou a registrar as queixas da vítima.

Eles foram nomeados pela defesa no Ministério Público pelos crimes de “abuso, lesão corporal, prisão privada, abuso de poder, falta de ajuda, coerção, falsificação de um documento público e associação criminosa porque estavam presentes quatro policiais”, explica a advogada Camila Brito.

“Ele pressiona a vítima no veículo usando a força do corpo, e um policial do sexo masculino não pode fazer isso. Deve ser um agente estatal do mesmo sexo. Acreditamos que o ato de assédio sexual também pode ser investigado”, diz ele. Ana Letícia Belo, advogada que também acompanha o caso.

As queixas da jovem são acompanhadas pelo coletivo Pela Vida das Mulheres, Presidente Prudente. Em uma nota, o grupo “expressa a mais profunda rejeição e apreensão externa sobre a atitude truculenta e desproporcional dos quatro policiais militares em sua abordagem às vítimas de violência doméstica”.

O coletivo também confirma que o vídeo “causa nojo, dor, ressentimento”, uma vez que a vítima sofreu violência de “quem tem a obrigação de proteger e cuidar do bem-estar da sociedade”.

O grupo ainda acredita que o caso é um reflexo da “violência de gênero, tão arraigada na sociedade brasileira”, e que também afeta o “campo policial e tem impacto no comportamento dos profissionais”.

Ele questionou Universa, A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SAA) informou que “o desrespeito e possível abuso de poder está sendo investigado pela Polícia Judiciária Central (CPJ) e também pela polícia militar que iniciou uma investigação policial de fato (IPM)”.

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