A nova pandemia de coronavírus também terá um impacto negativo sobre os pensionistas do regime geral da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações. As pensões superiores a 658,2 euros ficarão congeladas no próximo ano devido à retração da economia portuguesa e à taxa de inflação negativa. O Instituto Nacional de Estatística anunciou ontem que a variação média dos últimos doze meses do Índice de Preços no Consumidor sem habitação é negativa (-0,07%). Ontem também se soube que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano caiu 5,7% em relação ao mesmo período de 2019, tendência que vem sendo observada desde o início do ano.
O congelamento da previdência já foi sinalizado. O ministro do Trabalho e da Previdência Social disse recentemente que não haverá aumento nas pensões dada a previsão de inflação negativa. De acordo com a legislação, quando o crescimento do PIB é inferior a 2% (como será este ano), o aumento das pensões depende da inflação sem habitação de acordo com a média dos últimos 12 meses que o INE divulgou a 30 de novembro. A média é negativa, o que justifica o congelamento das pensões.
Face a estes indicadores, o Índice de Apoio Social (IAS), actualmente em 438,81 euros, também ficará congelado. O IAS é o valor de referência para um conjunto de prestações sociais, como é o caso do Rendimento Social de Inserção e do subsídio social de desemprego, que portanto não sofrem qualquer atualização. Mas não só. É a referência para o valor mínimo e máximo do subsídio de desemprego, para o limite mínimo do subsídio de doença, para o cálculo das pensões e até para a isenção do valor pago pelo próprio bolso.
As pensões até 658,2 euros vão aumentar 10 euros a partir de janeiro de 2022. Este aumento já estava previsto na proposta de Orçamento do Estado do governo, mas com efeitos a partir de agosto. No entanto, e num compromisso com o PCP, ficou estabelecido que o aumento para quem tem pensões até 1,5 IAS, de 10 euros, já produz efeitos no primeiro mês de 2022. São quase dois milhões de reformados nesta situação .
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Impacto de 270 milhões
O aumento extraordinário de 10 euros nas pensões para 1,5 do IAS em Janeiro terá um custo anual de 270 milhões de euros, segundo o governo. Esta medida é a que terá maior impacto nas despesas do orçamento permanente e atingirá quase dois milhões de reformados.
O limite mínimo do seguro-desemprego equivale a 100% do IAS, que em 2022 será congelado. O limite máximo é 2,5 vezes o IAS. Mas o Orçamento do Estado para 2022 prevê que o valor mínimo suba para 1,15 do IAS, ou seja, para um valor próximo dos 505 euros.