No melhor estilo de Donald Trump, acostumado a chamar o coronavírus de “vírus chinês”, o ditador venezuelano Nicolás Maduro chamou o patógeno de “vírus colombiano” em discurso transmitido pela TV estatal nesta segunda-feira (30).
“A melhor vacina [contra o vírus] é cuidar de si, cuidar da família, cuidar do trabalho, colocar uma máscara, quebrar a cadeia de infecção, cuidar da pandemia na Venezuela e cuidar da fronteira com a Colômbia, para que o vírus colombiano não entre mais aqui “, disse o líder venezuelano.
Assim como o líder americano usa uma pandemia para atacar um rival, neste caso a China, o ditador explora a crise do Covid-19 para pressionar seu vizinho, cujo presidente Iván Duque reconhece o oposicionista Juan Guaidó em vez de Maduro como presidente legítimo da Venezuela.
A Colômbia, parte do Grupo Lima, um fórum para discutir soluções para a crise no Caribe, mas que na prática funciona como um órgão de oposição ao ditador, serviu de cenário da tentativa fracassada de Guaidó, em fevereiro de 2019, de tentar trazer ajuda humanitária à Venezuela.
Este episódio levou à intensificação dos problemas diplomáticos entre os dois países.
É por isso que Maduro, sempre que pode, diz que administra melhor a pandemia do que outros países da América Latina. Para ele, a maioria dos casos no país está relacionada a migrantes que retornam do Brasil e da Colômbia, um importante destino para aqueles que fogem da crise social e econômica no país do Caribe.
Na última sexta-feira (30), Duque disse em entrevista que a Venezuela é uma “bomba de saúde pública”. “Faltam informações. Não há boa capacidade hospitalar ou boa capacidade epidemiológica; eles não têm programas de vacinação sérios há muito tempo”.
Até o momento, 5.530 casos de coronavírus e 48 mortes foram registrados oficialmente na Venezuela, enquanto a Colômbia registrou 95.269 infecções e mais de 3.376 mortes, mostram dados coletados pela Universidade Johns Hopkins.
De fato, os números na Venezuela foram questionados. Há desconfiança oficial nos dados oficiais, e os médicos no escuro estão falando sobre a real situação da pandemia no país.
Maduro copia Trump, outro de seus oponentes, chamando o patógeno que causa o Covid-19 de “vírus colombiano”. O líder americano chamou o coronavírus de “vírus chinês” ou “vírus Wuhan”, a cidade que registrou os primeiros casos da doença, que já lhe haviam trazido acusações de racismo e xenofobia.
A posição do presidente dos EUA faz parte de uma série de animosidades trocadas entre Washington e Pequim sobre questões geopolíticas e econômicas.