Pesquisadores americanos descobriram que morcegos que se sentem mal passam menos tempo uns com os outros, um fenômeno que eles chamam de ‘separação social passiva’.
Os morcegos praticam a separação social quando estão doentes, revela o estudo
Uma nova pesquisa mostra que os morcegos se distanciam socialmente quando estão doentes, passam menos tempo com outras pessoas e se comunicam com menos colegas no grupo.
O comportamento já foi observado em laboratório, mas pesquisadores da Ohio State University, nos Estados Unidos, já o confirmaram em morcegos vampiros selvagens em Belize, na América Central. A o estudo foi publicado na revista Behavioral Ecology.
Os cientistas monitoraram um grupo de morcegos que vivia dentro de uma árvore oca, equipando-os com minúsculos sensores de proximidade para detectar como se comunicam socialmente.
Uma campanha de cientistas para defender os morcegos “acusados” de origens covid-19
5 coisas mais agradáveis e mais desagradáveis de tocar
Os pesquisadores injetaram até 16 morcegos com uma substância chamada lipopolissacarídeo, fazendo com que seu sistema imunológico reagisse temporariamente como se estivesse doente, para ver se seu comportamento mudaria.
Havia um total de 31 morcegos na árvore. Os 15 animais restantes receberam injeções de solução salina que não interferiu no sistema imunológico.
Os pesquisadores afirmam que nenhum dos morcegos foi ferido durante o experimento.
Menos interações sociais
Foi observado que morcegos “doentes” se comunicaram com aproximadamente quatro morcegos a menos do que animais saudáveis.
Eles não queriam participar de rituais e cuidados mútuos, eles se moviam menos e se comportavam com sono do que os outros.
Essa diferença de comportamento diminuía seis horas após a injeção e quando os morcegos dormiam ou saíam em busca de alimento.
Após 48 horas, os efeitos da injeção desapareceram completamente e os morcegos voltaram a ser tão sociáveis quanto antes.
Sentindo-se mal, os morcegos reduziriam a probabilidade de o vírus se espalhar ao passar menos tempo com morcegos saudáveis, dizem os pesquisadores.
O principal autor do estudo, Simon Ripperger, chama isso de “separação social passiva” e acredita que esse comportamento pode ser mais comum no reino animal do que sabemos.
“Os sensores nos deram uma janela nova e surpreendente de como o comportamento social desses morcegos mudava de hora em hora, e até minuto a minuto durante o dia e a noite, mesmo enquanto se escondiam na escuridão de uma árvore oca”, disse Ripperger.
A separação social passiva é comparada ao que as pessoas fazem quando estão na cama quando estão doentes, em vez de estar perto de outras pessoas.
O comportamento é benéfico para a saúde geral do grupo de animais, pois torna menos provável a propagação da doença.
BBC Brasil – Todos os direitos reservados – A reprodução sem a permissão por escrito da BBC é proibida