Em um debate promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Reportagem Investigativa) na noite de segunda-feira (20), o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) defendeu a “cautela” e a “cautela” da Câmara ao lidar com questões relacionadas à rastreabilidade de mensagens e identificação do usuário fornecida na proposta de notícias falsas (conta).
Silva evocou LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) – não. 13.709 / 2018 – para garantir a privacidade dos cidadãos na Internet. A lei poderá entrar em vigor no próximo mês se uma medida provisória do presidente Jair Bolsonaro que adia a data de início do LGPD para maio de 2022, o Congresso não está votando em 29 de agosto deste ano.
“Meu problema de rastreabilidade tem um ponto crítico, e isso é a coleta de dados em massa. Argumento que essa é a nossa lei [a LGPD], onde já sinalizamos que os dados pessoais devem ser coletados minimamente e para os fins declarados. Este é um fator importante na proteção da privacidade das pessoas “, afirmou Silva.
O congressista mencionou a notícia de que o governo, em abril deste ano, propôs a troca de dados das empresas de telefonia com o IBGE com o objetivo de realizar pesquisas telefônicas. Dias depois, o STF (Supremo Tribunal Federal) vetou esse uso.
Para Silva, esse é um ponto sensível do projeto que deve ser discutido até a exaustão, porque ainda não existe uma fórmula que seja um consenso mínimo. “O que me preocupa com a rastreabilidade é como essa coleção se desenrolará. Mesmo que não haja divulgação de informações para quem se comunica, isso deve ser motivo de cautela, pois pode afetar a motivação para falar ou não”, diz ele.
Vânia Aieta, professora de pós-graduação em direito da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), perguntou se valia a pena abrir mais dados abertos para que a sociedade pudesse combater a desinformação. “Estamos lidando com robôs, grupos organizados, milícias digitais que estão começando a desafiar e ameaçar jornalistas. Precisamos criar dispositivos para proteger os cidadãos, como o direito a uma resposta garantida pela Constituição”, diz ele.
“O projeto não é uma ‘bala de prata'”
A deputada federal Margareta Coelho (Progressistas-PI) também argumentou que era necessário um debate pacífico sobre o projeto, mas alertou que não se espera que resolva o problema de notícias falsas no país.
“Não acho que a lei será resolvida. De fato, a lei nunca será uma bala de prata, mas é importante realizar ações para reduzir os riscos prejudiciais do processo de desinformação”, diz ele.
Para ela, a missão da Câmara não será fácil porque há um conflito de regras fundamentais. “Temos que lidar, por um lado, com o direito à informação, liberdade de expressão, a capacidade de expressar sua opinião e, por outro, o direito à individualidade, que o Supremo Tribunal já reconheceu”, diz ele.
Essa política também defende algum controle sobre a regulamentação da desinformação, se essa função permanecer no mercado. “Quem regulará a auto-regulação? É possível criar instrumentos de controle neutros? Vamos ver se é possível, vamos nos aproximar disso, mas é muito importante que tenhamos os meios de controle, sim”, defendeu.
Siga o dinheiro
Pela Deputada Lídice da Mata (PSB-BA), Relatora Notícias falsas CPMI (comitê parlamentar de investigação mista), é necessário elevar os limites que devem ser estabelecidos, mas também focar em quem paga por desinformação, o famoso “segue o dinheiro” ou segue o dinheiro.
“Tivemos um financiamento em 2018 que provavelmente pode ser caracterizado como Caixa 2. Apesar da renúncia do Senado [em debater o tema de como chegar aos financiadores de propagação fake news], se nos dedicarmos mais tempo, poderemos sugerir como isso pode acontecer, tanto no financiamento quanto em outros assuntos ”, explica ele.
O fato de a rede global ser “muito dinâmica”, lembra Lídice, significava que o Marco Civil da Internet, aprovado seis anos atrás, não especificava o impacto das notícias falsas no dia a dia – algo que ela disse trouxe problemas até na luta contra o coronavírus.
O presidente da Abraji, Marcelo Träsel, diz que o tópico precisa de um longo debate para evitar possíveis restrições à atividade de comunicação profissional.
“Nossa preocupação é que algumas das propostas incluídas no PL e no relatório possam levar à criminalização do jornalismo investigativo e outras atividades legítimas, como a pesquisa universitária”, diz ele.