Bolsonaro está encerrando uma quarentena de duas semanas hoje para o porto 19, mas nunca sorriu nos jardins de Alvorado, apesar do pistão do ree.
O tratamento com cloroquina, mesmo sem apresentar um relatório médico sobre sua saúde, é um motivo para mudar o humor do presidente?
Há não muito tempo, Bolsonaro ficou de plantão, perseguindo-o com ameaças de todos os tipos, nos campos político, jurídico e policial, tudo ao mesmo tempo.
De repente tudo mudou. Em nenhum lugar há menção de impeachment, ameaça de golpe (de quem contra quem?), Conflito entre ramos do governo, investigações no Supremo Tribunal, julgamentos no caso TSE, Queiroz, insatisfação no quartel.
O que aconteceu?
A resposta pode ser encontrada em uma pesquisa realizada pelo Tribunal de Contas Federal, que constatou a presença de 6.157 militares em todos os níveis de governo, começando pelo ministério, que já possui dez uniformes.
Desde a inauguração do capitão, esse número dobrou. Havia apenas 2.765 deles, antes de Bolsonaro declarar em voz alta:
“Mamãe terminou!”.
Isso já é passado, uma questão da campanha eleitoral.
Em vez do antigo trem de “alegrias da política antiga”, agora temos tanques de alegrias, ocupando importantes posições governamentais e nomeando parentes.
A contabilidade dos parentes nomeados pelo TCU ainda não foi concluída, mas nesta semana a Casa Civil, chefiada pelo general Braga Netto, aprovou a nomeação da filha do general para um cargo na ANS, com um salário de US $ 13.000. Ela é filha de relações públicas e a ANS é a Agência Nacional de Saúde, mas isso não importa.
Afinal, até a filha do general Villas-Bôas, o grande protetor do exército, o garante da eleição de Bolsonaro, garantiu duas posições no ministério Damares Alves, como revelou meu colega Bernardo Mello Franco hoje em sua coluna no Globe, intitulada “Troca Uniforme”.
Muito antes disso, o filho do vice-presidente, general Mourão, havia garantido um salário de US $ 36.000 no Banco do Brasil e assim por diante. O TCU ainda não contou parentes e famílias.
Além do nepotismo militar, outro motivo para a calma do presidente foi a aquisição do Centrão com as portas fechadas, costuradas pelos generais Luís Ramos e Braga Netto, que, à luz do dia, removeram qualquer ameaça de assassinato, em troca de fundos e posições.
Com o conjunto de segurança garantido pelos militares e suas famílias e o Centrão controlando a Câmara, Bolsonaro nem precisa se apressar para voltar ao Palácio do Planalto.
Tudo domina.
Na sua ausência, foi aprovado um aumento de 303% nos bônus exclusivos concedidos aos militares designados para o governo.
Em Reforma previdenciária, a unidade ficou sem redução de gastos e aumentou salários em até 73%, excluindo pendentes.
Nesta ilha fantástica de força bolonarista, que é o “novo normal”, ninguém está lidando com uma pandemia, desemprego e cortes salariais. O futuro deles está garantido.
Com muita cloroquina, muitas notícias falsas e muitas bocas no governo, civis e militares da grande aliança entre papas do mercado, bispos de tele-evangelização, roubo de academias, políticos de baixo clero, milícias de elite do Rio das Rochas e amigos, o Brasil desce a ladeira vitoriosa, sob aplausos quem acredita que “mamata acabou”, no ritmo de “agora somos nós”.
Onde isso vai acabar, não faço ideia. Não é uma coisa boa.
A vida continua.