O MEF (Ministério Público Federal) lançou um procedimento extrajudicial para investigar os motivos que levaram o Ministério da Saúde a excluir das estatísticas publicadas o número total de mortes de acordo com 19 registros. A ordem estabeleceu um período de 72 horas informações sobre isso.
O processo foi aberto pela Câmara de Direitos Sociais e Inspeção de Atos Administrativos em Geral, que solicitou informações e documentos, incluindo uma cópia do ato administrativo que estabelece a remoção do número acumulado de mortes do conselho.
O Ministro da Saúde também deve esclarecer se houve outras alterações e apreensões de dados públicos relacionados à pandemia. Se for esse o caso, é necessário declarar os fundamentos técnicos que sustentaram essa decisão.
Justificando a abertura do procedimento, o MEF enfatizou que a transparência é a regra do governo público e que as estatísticas não devem ser excluídas. Para os autores da ordem extrajudicial, “essa restrição de informações restringe o acesso do público a informações relevantes, em vez de confidenciais, que podem orientar seu comportamento em relação à proteção de sua própria saúde”.
O Ministério da Saúde aumentou o limite de dados. O primeiro começou a atrasar a divulgação dos números, que aconteceram no meio da tarde e saíram às 22h. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro (sem o partido) declarou “que a história no Jornal Nacional acabou”.
O próximo passo foi remover o número total de mortes que ocorreu pela primeira vez na sexta-feira e foi anunciado oficialmente hoje. Somente dados das últimas 24 horas são divulgados. O Ministério da Saúde alega que a publicação de estatísticas para esse período possibilita monitorar a realidade do país neste momento.
A medida foi fortemente criticada. O ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta vinculou a decisão do Ministério da Saúde à obediência militar – o ministro interino da Saúde é general do exército. Mandetta chamou a atitude de “extrema lealdade, mesmo que seja estúpida e genocida”.
A Sociedade Brasileira de Doenças Infecciosas anunciou desaprovação. O secretário do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que esconder os dados é uma “manobra por regimes totalitários”.