O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (27) uma parceria com a empresa farmacêutica britânica AstraZeneca e com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, no desenvolvimento e produção de uma vacina contra o Covid-19. Inicialmente, são esperadas 30,4 milhões de doses.
Nesta fase inicial, haverá duas séries de entradas e transferências de tecnologia: uma em dezembro de 2020 e a outra em janeiro de 2022.
O governo reconhece que vacina ainda não é considerado seguro ou eficaz, mas participará de seu desenvolvimento.
Se a segurança e eficácia da vacina forem comprovadas, o Brasil deverá produzir 70 milhões de doses adicionais.
Com 100 milhões de doses, esperadas se a parceria continuar, seria possível vacinar quase metade do Brasil.
O custo da fase inicial, segundo o governo, é de US $ 127 milhões (R $ 695 milhões), incluindo o custo do processo de transferência e produção de tecnologia para a Fiocruz, estimado em US $ 30 milhões (US $ 165 milhões). grupo de risco para novo coronavírus terá prioridade para a vacinação nesta fase.
Na segunda fase, de 70 milhões de doses, o custo estimado é de US $ 2,30 por dose. Nesse sentido, o Brasil deverá gastar US $ 161 milhões. O governo enviou uma carta de intenção para participar de um consórcio internacional destinado a desenvolver e distribuir a vacina em potencial.
Em conclusão, no entanto, o acordo depende do processo legal entre a Fiocruz e a AstraZenec.
A idéia do governo é adquirir a tecnologia de produção de vacinas desenvolvida por Oxford, mesmo sem resultados clínicos finais na prevenção do novo coronavírus.
“O governo federal acredita que esse risco de pesquisa e produção é necessário devido à urgência de buscar uma solução eficaz para manter a saúde pública e a segurança para um crescimento contínuo no Brasil”, disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.
Técnicos do governo apontaram que a vacina desenvolvida por Oxford é a mais avançada do mundo e mostrou uma resposta imune muito significativa, mas se a vacina não se mostrar segura em testes recentes (ensaios clínicos), o governo não a utilizará.
No caso de um resultado frustrado da eficácia da vacina, o Ministério da Saúde diz que a parceria é positiva, pois permite a melhoria do parque tecnológico da Fiocruz e do BioManguinhos, os laboratórios da Fiocruz.
O acordo inclui a importação de matérias-primas (ingrediente farmacêutico ativo, já pronto) e o conhecimento para a produção de vacinas, que a Fiocruz concluirá no final do ano e no início de 2022.
Na segunda fase, que depende da comprovação dos resultados clínicos da vacina, a compra do ingrediente farmacêutico ativo aumentaria, mas a Fiocruz já terá maior autonomia de capacidade de produção no Brasil.
O governo ainda precisa prever quando começará a produzir esse insumo, permitindo que o Covid-19 dê controle total ao país na produção de vacinas. Isso será avaliado nos próximos meses e depende do plano a ser elaborado pela Fiocruz.
Há dúvidas sobre se a produção do ingrediente ativo no Brasil seria realmente mais barata que as importações. No entanto, o acordo anunciado no sábado deve dar ao Brasil a oportunidade de desenvolver todo o processo vacinal, que o governo considera estratégico.
Na última terça-feira (23), o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, já havia anunciado que o acordo deveria ser assinado nesta semana.
“Estamos fechando a assinatura e o compromisso de participar do Brasil com a Casa Civil. Estamos conectados em paralelo com a Universidade e a AstraZenec, incluindo Fiocruz e BioManguinhos. [laboratório da Fiocruz]ele disse em uma audiência no Congresso na terça-feira.
O objetivo do governo é evitar os problemas identificados no início da pandemia, quando era difícil acessar os materiais necessários para combater o Covid-19.
“Vamos agora avançar na prevenção de doenças”, afirmou Franco neste sábado, ressaltando que o Brasil é referência mundial em vacinação, principalmente por causa do SUS (Sistema Único de Saúde).
O ministro da Supervisão de Saúde do Ministério, Arnaldo Correia de Medeiros, destacou que o Brasil já tem experiência na distribuição de vacinas e em campanhas de vacinação. Portanto, uma vez produzidas as vacinas, elas precisam apenas de alguns dias para atingir a população.
A primeira série da primeira fase da parceria, que envolve a produção de 15 milhões de vacinas, se concentrará em um grupo prioritário (que representa um risco maior coronavírus).
O governo também analisará a evolução da pandemia em cada estado do país para elaborar a estratégia correta de distribuição de vacinas.
O plano do ministério da saúde é usar 100 milhões de doses para vacinar idosos, doentes, trabalhadores da saúde, professores, indígenas, pessoas privadas de liberdade, profissionais de segurança pública, equipes de resgate e motoristas de transporte público.
“Se tivermos a segurança e a eficácia da vacina, essa seria a cobertura que a vacina poderia alcançar”, disse Medeiros.
A vacina em estudo foi desenvolvida pelo Instituto Jenner da Universidade de Oxford, trabalhando com o Grupo de Vacinas de Oxford.
Em uma nota, o presidente da AstraZeneca Brasil, Fraser Hall, disse que a vacina em potencial “ainda está em pesquisa clínica, mas reconhecemos a necessidade de responder rapidamente a esse problema global, acelerando nossos planos de produção e distribuição de vacinas. “