Autor: Lisandra Paraguassu e Jack Stubbs
BRASÍLIA / LONDRES (Reuters) – Uma investigação no Facebook que derrubou uma rede de sites de notícias falsas gerou suspeitas no Palácio do Planalto, e um dos assessores presidenciais, Tercio Arnaud Tomaz, foi apontado como um dos operadores de sites suspensos e pode aumentar a pressão em processos judiciais contra o presidente Jair Bolsonar no TSE.
O autor da ação para entregar o mapa de Bolsonaro-Mourão por usar notícias falsas ainda em análise pelo Supremo Tribunal Eleitoral, o PT – cujo candidato Fernando Haddad foi derrotado no segundo turno por Bolsonaro – disse à Reuters que se candidataria ao tribunal na sexta-feira. inclua um relatório do Facebook.
Segundo o TSE, esse pedido só pode ser apresentado pela parte, como autor da ação.
Um relatório preparado para o Facebook pelo Laboratório Digital Forense do Conselho Atlântico mostra que Tercio – que trabalhou com a campanha de mídia digital de Bolsonaro e agora ocupa o cargo de consultor especial da Presidência – é o criador da página do Instagram @bolsonaronewsss, que também pertence ao Facebook.
O site tinha cerca de 492 mil seguidores e 11 mil posts. Embora tenham sido criados anonimamente, os pesquisadores conseguiram rastrear isso até Tertius. Segundo o relatório, em muitos casos, seu conteúdo era “uma ilusão, usando uma mistura de meias-verdades para chegar a conclusões falsas” e ataques a oponentes e ex-aliados do clã Bolsonaro. Na foto é uma foto do presidente.
“Muitos desses procedimentos foram publicados durante o horário de trabalho, o que pode ser uma indicação de que Tercio Arnaud publicou este site durante o horário de expediente – que não está oficialmente vinculado à Presidência”, acrescentou o relatório.
Tercio trabalhou diretamente em seu escritório com o conselheiro Carlos Bolsonar, filho do presidente, e foi levado à campanha presidencial para ajudá-lo a cuidar das mídias sociais do então candidato. Ele costuma ser nomeado chefe do “Escritório do Ódio”, um grupo de jovens leais ao clã, todos os quais exercem funções no Palácio do Planalto, acusados de alimentar redes bolcheviques na defesa do presidente e no ataque a seus inimigos.
O Planalto sempre negou oficialmente a existência de um “escritório de ódio” e o papel de consultores na produção de notícias falsas ou até o envolvimento do presidente e de seus filhos em blogueiros e influências digitais investigadas em notícias falsas e investigações de atos. antidemocrático.
A identificação de Tercio como um dos criadores e movimentadores das páginas com informações falsas os leva ao interior do Palácio do Planalto, mas ele não é o único que se aproxima muito do clã Bolsonaro.
Dois assessores parlamentares do deputado Eduardo Bolsonar, o filho do presidente 03, também foram identificados como autores de notícias falsas. Paulo Eduardo Lopes, Paulo Chuchu, seria o autor da página “Brazilian Post”, um dos identificados pelo Facebook como um dos que tentaram acessar as páginas oficiais da imprensa.
Eduardo Guimarães, outro consultor de Eduard, já foi identificado pela CPI por notícias falsas como autor de postagens de ódio, usando equipamentos do escritório parlamentar da Câmara dos Deputados.
Mais três indivíduos identificados estão diretamente ligados aos legisladores da PSL no Rio e em São Paulo, ligados ao partido Asa Bolshoi.
“Parte da rede foi criada antes das eleições de 2018 e agiu promovendo Bolsonaro e atacando seus oponentes durante a campanha, às vezes usando mídia hiperpartidária. Esse comportamento é consistente com relatos da maneira como o suposto escritório de ódio opera”. relatório.
“Mais recentemente, algumas contas atacaram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal e, como Bolsonar, venderam a idéia de que o Covid-19 não é uma ameaça séria, sugerindo que o Brasil não deveria adotar medidas de distância social”.
A Reuters abordou Paolo Eduardo Lopez e Eduardo Guimarães pelo escritório de Eduardo Bolsonar, sem sucesso. Tercio Arnaud também não atendeu as ligações.
Até quarta-feira à tarde desta sexta-feira, o Palácio do Planalto não comentava na loja do Facebook.
Eduardo criticou a ação em várias postagens em sua conta no Twitter, acusando o Facebook de ser vendido para grandes corporações e de investigar notícias falsas e atos antidemocráticos que, segundo ele, visavam atacar a lei estadual.
“Defendo a liberdade de expressão para todos, lembrando que a perseguição às redes sociais nos perfis de direita, dentro e fora do Brasil, está se tornando mais pronunciada, embora não haja crime nos posts / perfis”, escreveu o deputado.
O Facebook até vinculou algumas das páginas descartadas a pessoas vinculadas ao senador Flávio Bolsonar, o filho mais velho do presidente, mas a pesquisa no laboratório digital não conseguiu encontrar links. Flávio, no entanto, reclamou da ação no Twitter.
“Minha solidariedade com todos os perfis censurados injustamente pelo Facebook e Instagram – obviamente em apoio ao presidente Bolsonar. Assim que eles criarem seus novos perfis para aproveitar a liberdade de expressão do mundo, entre em contato com eles em particular, eu os ajudarei a divulgá-los”, escreveu ele.
Na quinta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu ao ministro da Suprema Corte Federal (STF) Alexander de Moraes, relator de investigações sobre notícias falsas e ameaças ao tribunal, para investigar páginas em apoio ao presidente removido do Facebook.
Randolfe pede ao ministro que “determine medidas apropriadas contra pessoas já identificadas pelo Facebook, bem como trabalhe com a empresa para compartilhar todos os dados, que podem ser usados em investigações adicionais, especialmente sobre quem financia e quais agentes públicos estão envolvidos, violando telemática, bancária e outros segredos necessários “.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)