Washington, 24 de julho de 2020 (AFP) – Um programa de esterilização realizado no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, entre 1929 e 1974, foi explicitamente projetado para impedir a reprodução de preto. Essa foi a conclusão de um estudo divulgado nesta semana que o projeto se encaixa na definição de genocídio da ONU.
Cerca de 7.600 homens, mulheres e crianças de 10 anos foram esterilizados cirurgicamente. O programa, projetado para servir ao “bem comum”, tinha o objetivo de impedir que pessoas consideradas “deficientes visuais” tivessem filhos.
A maioria das pessoas foi forçada, mas algumas mulheres que não tiveram acesso a outros métodos contraceptivos se declararam incapazes de ser mães e buscaram esterilização.
Publicado na American Review of Political Economy, o estudo estimou os anos de 1958 a 1968, período em que mais de 2.100 esterilizações aprovadas foram realizadas na Carolina do Norte.
Segundo os autores, durante esses dez anos a taxa de esterilização aumentou com o tamanho da população negra desempregada. No entanto, isso não aconteceu entre brancos e indivíduos de outras raças desempregadas.
O co-autor do estudo, William Darity Jr., professor da Universidade Duke, lembrou que a definição de genocídio da ONU declara a intenção de, no todo ou em parte, destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Segundo a Convenção de Genebra, isso inclui “a imposição de medidas para impedir o nascimento de um grupo”.
“O uso desproporcional da esterilização eugênica entre seus cidadãos negros na Carolina do Norte foi um ato genocida”, disse Darity.
Trabalhos anteriores mostraram que o programa eugênico tinha como principal alvo os negros, mas um novo estudo esclareceu a mecânica e os motivos do projeto.
Em 2010, o estado criou uma fundação para compensar as vítimas do programa que ainda estavam vivas. Segundo as notícias da Carolina do Norte The News & Observer, 220 vítimas receberam seus primeiros pagamentos em 2014, de US $ 20.000 cada.
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