Última terça (8), enquete Publicados no jornal Ciência destacou que, em outubro, cerca de 76% da população de Manaus já poderia estar infectada pelo Sars-CoV-2. Para efeito de comparação, a taxa da cidade de São Paulo na mesma época seria de 29%.
O teste foi feito em amostras de sangue coletadas nas duas cidades: 882 em Manaus e 877 em São Paulo. Eles são testados em IgG (imunoglobulinas do tipo G), cuja presença indica que uma pessoa está infectada com Sars-CoV-2 em algum ponto.
O primeiro caso do Covid-19 em Manaus foi registrado no dia 13 de março. Desde então, a pandemia avançou fortemente em toda a cidade e estado da Amazônia. Na capital, onde ocorreu o pico epidemiológico em maio, entrou um sistema de saúde e funeral colapso.
Em estudo anterior, pesquisadores estimaram que, em junho, 66% da população da cidade já havia tido contato com o vírus (em São Paulo, 13,6%). Já se falava na época que Manaus provavelmente era bater imunidade de rebanho (entre 60% e 70% dos infectados), taxa necessária para interromper a circulação do vírus.
No entanto, um aumento de 10% foi registrado desde então. “Manaus representa a população ‘sentinela’, dando-nos uma indicação com base nos dados do que poderia acontecer se o Sars-CoV-2 pudesse se espalhar sem mitigação”, diz estudo envolvendo várias instituições, como a Universidade de São Paulo, Fundação Pró-Sangue -Hemocentro de São Paulo na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam).
Apesar do resultado, os pesquisadores observaram que a avaliação da contaminação em Manaus ficou abaixo do prognóstico (que foi de 89% a 94% dos infectados). A hipótese é que medidas preventivas, como lavar as mãos, limpar superfícies e usar máscaras, aliadas ao aumento da imunização da população, podem ter contribuído para conter a progressão da doença. O objetivo é agora repetir estudos em outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, El Salvador, Recife, Fortaleza e Curitiba.
Os resultados de Manaus não significam que o problema acabou: Covid-19 continua causando vítimas na cidade. A pesquisa aponta que mais testes são necessários para estimar a duração imunidade população (vale lembrar que, embora raros, casos de reinfecção por coronavírus já foram relatados em todo o mundo). Continuar a monitorar os casos é importante para analisar até que ponto essa imunização pode prevenir futuras transmissões, com a ajuda da formulação de estratégias de vacinação para aqueles que, em tese, já estão imunes.