O emprego cresceu, mas à custa de menores salários, com os salários médios caindo 0,6% e 0,1%.
Os salários médios habituais diminuíram no terceiro trimestre em dois dos setores com maiores ganhos de emprego em comparação com o ano anterior: em empresas muito grandes, que representaram 42% dos empregos adicionados à economia desde o final do verão do ano passado; e no setor público, que chegou ao final de setembro com mais de 722 mil trabalhadores.
Os dados sobre salários médios, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), indicam que uma parte significativa dos empregos que vão sendo criados após a fase mais aguda da pandemia passa a oferecer salários mais baixos.
Em empresas com mais de 500 trabalhadores, na verdade, nunca houve tantos empregos. Com base nos salários declarados à Segurança Social e à Caixa Geral de Aposentações, o INE contava com 1,17 milhão de trabalhadores, máximo da série que se inicia em 2014. São, face a setembro de 2020, mais de 55,3 mil num crescimento de 5%. A maior, aliás, entre empresas de diversos portes.
Por outro lado, o valor do vencimento médio regular diminuiu, em termos homólogos, 0,6%, passando de 1.300 para 1.293 euros brutos. Aqui, é o salário que costuma constar do recibo de vencimento do mês, incluindo o salário-base e componentes como auxílio-refeição, mas não para feriado ou Natal, e portanto tem um comportamento menos sazonal.
grande micro
Nas empresas de outras dimensões, porém, há variações positivas no salário médio regular, de 1,9% para 5,6%, com a maior ocorrendo nas microempresas, com um a quatro trabalhadores.
O decréscimo do salário médio nas empresas de maior dimensão também afecta o salário base, que desce 0,1% para 1 171 euros brutos. No total da massa salarial (que inclui subsídios sazonais) verifica-se ainda um pequeno ganho, de 0,4%, para 474 euros.
Também no emprego público, verifica-se uma diminuição do salário médio habitual acompanhada pelo crescimento do emprego. As administrações públicas atingiram o trimestre findo em setembro com 722,3 mil trabalhadores, mais 15,4 mil que no mesmo período de 2020 (+ 2,2%). O salário médio regular caiu ligeiramente (-0,1%), para € 1.580 brutos.
Nas médias do salário-base e do salário total do setor público, observam-se, ainda assim, pequenos ganhos, de 0,4% nas duas situações. Lucro muito aquém do que ocorre no setor privado. Aqui, o salário médio habitual cresceu 3% no último trimestre para 1 007 euros brutos. O vencimento base aumentou 2,9% para 945 euros e o total da remuneração 3,4% para 1 221 euros.
Globalmente, a média salarial normal situou-se em 1.104 euros, mais 2,6% do que no ano anterior, mas com o crescimento a desacelerar face aos meses anteriores.