Moradores do bairro onde o primeiro-ministro aposentado Fabrício Queiroz foi preso na quinta-feira (18) em Atibaia disseram que ficaram surpresos com o fato de a unidade ter recebido uma placa do escritório de advocacia Frederick Wassef, pois o bairro é composto por casas e uma casa de veraneio.
Eles também declararam que nunca houve um movimento de pessoas no local que indicasse o funcionamento efetivo do conselho jurídico do advogado da família do presidente Jair Bolsonar.
Os relatórios sobre o momento da montagem da placa com as palavras “Wassef & Sonnenburg Sociedade de Advogados” variam de um ano e meio a dois anos.
Uma vizinha também disse que testemunhou uma briga feroz entre um homem do tipo Wassef e uma pessoa dentro do portão na semana passada.
A propriedade de 480 m2 está localizada no bairro Jardim dos Pinheiros, na orla da rodovia Dom Pedro 1º, a cerca de 70 km de São Paulo. A casa de estilo colonial com tijolos expostos tem um grande gramado, um pequeno prédio ao fundo e um churrasco. Dois grandes portões de madeira em cada extremidade frontal da casa permitem o acesso a veículos, e uma chaminé dá um tom bucólico à casa.
Na garagem havia um luxuoso Honda Accord com placa de São Paulo.
Parte do imóvel mostra que foi comprado em 1992 por 2,5 milhões de navios de cruzeiro, que em valores atualizados corresponde a R $ 270.000.
A psicóloga Alba D’Avila, 38 anos, vizinha ao lado da casa, disse que o movimento de pessoas na propriedade sempre foi muito discreto.
Há sete meses no bairro, ela disse ter notado maior presença de cuidadores e sua esposa no local e não percebeu a presença de Queiroz na casa. Ela também relatou ter notado alguns churrascos na propriedade nos últimos meses, mesmo durante a pandemia de Covid-19.
Mas o fato que mais chamou a atenção do bairro foi a colocação de uma placa Wassef na parede de tijolos com vista para a casa.
Um dos que notaram a instalação da instalação há cerca de dois anos foi o fotógrafo Armando Malheiros de Oliveira Júnior, 53 anos, que mora na rua paralela à propriedade. “Achei a placa estranha porque existem apenas casas no bairro”, disse ele.
O Dr. Fernando Guedes, 66 anos, mora a 200 metros da casa e disse que percebeu isso há um ano e meio. “Eu nunca entendi esse sinal aqui”, disse ele.
Os vizinhos dizem que nunca perceberam o movimento de pessoas que demonstraram o sucesso do banco de leis local.
Outro fato que se chocou com a rotina discreta da casa foi um acalorado debate na porta da propriedade na última quinta-feira (11), segundo a organizadora do evento Aline Pinheiro, 33.
Ele mora a 50 metros do local e geralmente caminha com o filho no final da tarde. De acordo com Aline, na última quinta-feira ela viu um homem como Wassef gritando com uma pessoa que estava dentro do portão.
À tarde, o silêncio de um bairro residencial tranquilo deu lugar a um movimento de equipes de jornalistas e pessoas que foram ao local para tirar fotos e demonstrar.
Em frente à propriedade, várias pessoas mencionaram o fato de Atibaia abrigar um lugar que o presidente Lula havia visitado antes de Lava Jato e citaram o caso de um ex-conselheiro da família Bolsonaro.
O imóvel utilizado por Lula está localizado a cerca de 20 quilômetros do local e foi lembrado por um morador de Preta Streifinger, 38 anos.
“Atibaia é o melhor lugar do mundo. Pode ser esquerda ou direita, eles sempre vêm aqui. Seria cômico se não fosse trágico “, disse Preta.
O caso Queiroz também foi lembrado por alguns que foram fotografados com laranjas ao lado da fachada do prédio, citando acusações de que o primeiro-ministro atuaria como coletor de receita do senador Flávi Bolsonaro, filho do presidente.
A professora Heloisa de Carvalho, 50 anos, filha do escritor e guru do bolonismo Olavo de Carvalho, mora em Atibaia há 32 anos e faz um brinde com suco de laranja com um amigo em frente à propriedade.
“É laranja comemorar um laranjal familiar”, disse Heloisa, que entrou em conflito com o pai em 2017 e criticou o bolonismo.
Ela disse que sabia que Queiroz estava em vigor desde abril de 2019 e até postou sobre isso em suas mídias sociais, além de informar os repórteres sobre isso, mas que eles não a levaram a sério.
O ambiente descontraído começou, no entanto, apenas à tarde, quando os moradores já haviam sido informados da ação policial.
De manhã, o barulho de helicópteros da polícia e veículos pressionados deixou os moradores desconfortáveis.
A fonoaudióloga Simone Gouveia, 43 anos, estava andando com a irmã e parou para tirar uma selfie com a casa ao fundo.
“Acordamos às cinco e meia da manhã ao som de um helicóptero e pensamos que era um sequestro. Ficamos assustados e só então vimos o que era na TV – ela disse.