O ex-ministro da Justiça Sergio Moro negou a interferência na Polícia Federal, bem como qualquer comparação com as acusações que ele fez sobre o presidente Jair Bolsonar (sem partido). Ele falou sobre isso hoje, em depoimento na 10ª Vara Federal do Brasil, na operação criminal “Operation Spoofing”, na qual hackers são acusados de invadir os telefones do promotor Lav Jato e de um ex-juiz.
O conteúdo das mensagens foi revelado pelo site “The Intercept”, em uma série de reportagens conhecidas como “Vase Jato”.
O advogado de Walter Delgatti, Ariovaldo Moreira, perguntou a Moro se ele achava que estava interferindo na polícia federal porque ele havia recebido informações sobre a investigação da PF no plantio. Ele pediu que, como Jair Bolsonar, não houvesse interferência inadequada no trabalho policial.
“Claro que não”, disse Moreau. “Existe uma confusão absoluta. Há situações absolutamente diferentes. Nesse caso, meu telefone foi atacado e havia uma preocupação natural sobre quem esses indivíduos estavam atacando as autoridades federais”.
Ele lembrou que os dispositivos do Ministro da Economia foram atacados, Paulo Guedes, e ex-líder do Congresso Joice Hasselman (PSL-SP). “Havia uma situação preocupante em que os criminosos tentavam obter informações confidenciais do estado, e isso seria responsabilidade do ministro da Justiça. Eu nunca conduzi essas investigações”.
O promotor de Wellington, Oliveira, disse que Moreira estava “buscando um fato político que não tem nada a ver com o processo”. O advogado se opôs, dizendo que a prisão de Delgatti, chamada de hacker que chegou com mensagens do grupo de trabalho Lava Jato, era “política” e que era um caso de polícia civil, não da polícia federal.
O juiz substituto da 10ª Vara Federal Ricardo Leite disse que a questão não está fora de escopo. “Muito já está sendo reservado para outra linha de investigação”, confirmou o juiz, interrompendo a pergunta do advogado.
Moreau disse que obteve informações sobre as investigações de maneira “genérica” do diretor geral da Polícia Federal, Mauricio Valeix, mas sem conhecer os detalhes. “Nunca influenciei a investigação. A polícia federal fez seu trabalho de forma independente.”
O ex-deputado Manuel D’ávila (PCdoB-RS) prestou seu testemunho. Ela reiterou que seu telefone também foi invadido, mas que o hacker alertou que havia informações sobre crimes cometidos pelas autoridades. O ex-deputado sugeriu que o hacker contatasse o jornalista Glenn Greenwald, do “Intercept”.