Numa carta aberta dirigida ao Ministro do Meio Ambiente e Açao Clima, João Pedro Matos Fernandes, a MCTM acusa o governador “de ter isentado indevidamente EDP do pagamento de 110 milhões de euros de Imposto do Selo ”.
O porta-voz da MCTM, Paulo Meirinhos, ficou indignado com esta situação, que acredita prejudicar a Terra de Miranda, em particular, e transmontanos geralmente.
“Como é possível que um dos maiores negócios do século não pague imposto, ao mesmo tempo que qualquer português comum, por mais pobre que seja, paga imposto pelo que ganha, compra e tem, e muitas vezes pelo que não tem ”, acusou, falando à Lusa.
O movimento invoca ainda “que já não é apenas uma perda para a Terra de Miranda, mas para todo o país e para todos os contribuintes portugueses”.
“O Ministro do Meio Ambiente e o Governo tinham conhecimento prévio do negócio porque a lei o exige, pois trata da comercialização de recursos naturais. Por isso, o Movimento afirma que o Governo deveria ter forçado EDP não utilizar os esquemas de planejamento tributário que levaram ao não pagamento do imposto [de selo]”, diz o movimento na mesma carta aberta.
Na opinião dos integrantes desse movimento que tem como “não partidário“, o Ministro do Meio Ambiente e Açao O clima ainda está em tempo de cobrar os impostos devidos, “desencadeando a cláusula antiabuso previsto para este tipo de negócio “.
O movimento questiona também porque é que o Governo autorizou a venda das barragens sem qualquer compensação para o Orçamento do Estado.
“Sabendo que o subterfúgio de planejamento tributário usado por EDP evitaria o pagamento de impostos devidos, pergunta se o Governo não condicionou a autorização de venda ao pagamento do imposto devido, nomeadamente mais de 110 milhões de euros à EDP imposto de selo “, questiona o MCTM nesta carta aberta.
Dentro novembro, o Ministério do Meio Ambiente e Açao A Climática anunciou ter emitido “parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente à transmissão destes Títulos de Aproveitamento de Recursos Hídricos e, EDP pode, portanto, proceder à venda de a infraestrutura em francês Engie“
Em jogo está a venda das fábricas hidroelétricos de Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor, Feiticeiro e Foz Tua.
Nas últimas semanas, tanto o Bloco de Esquerda quanto o Partido Social-democrata (PSD) exigiu uma audiência parlamentar urgente do Ministro Matos Fernandes para esclarecimento dos contornos desta operação.
Preocupado, de acordo com o PSD, “falta transparência” do negócio anunciado, há cerca de um ano, e concluído no dia 17 de dezembro, a venda das seis centrais hidroeléctricas localizadas nos rios Douro, Sabor e Tua por EDP-Energias de Portugal, SA a um consórcio empresarial francês, liderado por Engie.
No dia 14 de dezembro, o Governo criou um grupo de trabalho para analisar o impacto da venda de seis barragens do EDP em Engie, que inclui representantes de vários áreas órgãos governamentais e os 10 municípios abrangidos pela operação.
De acordo com nota do Ministério do Meio Ambiente e Açao Clima ”, foi criado um grupo de trabalho com representantes do Governo e dos 10 municípios afetado para a transmissão de Títulos de Utilização de Recursos Hídricos relacionados às explorações hidroelétricos de Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor, Feiticeiro e Foz Tua “.
O grupo de trabalho terá como função analisar e aprofundar os impactos da comercialização das seis barragens localizadas na bacia hidrográfica do Douro, bem como averiguar “os reais benefícios que esses municípios podem beneficiar” e Lista “eventuais medidas que permitam, da melhor forma, cumprir a regra aceite na Lei do Orçamento do Estado para 2022”, sublinhou o Ministério do Ambiente.
Ja entrou novembro, a Comunidade Intermunicipal trasmontana anunciou que solicitaria uma reunião com o Primeiro-Ministro para avaliar as contrapartidas da venda, para EDP, das seis barragens.