“Foi lançada uma investigação com o objecto de uma situação concreta relacionada com o surto de Mora, no âmbito da qual todos os factos que cheguem ao conhecimento do Ministério Público e que possam constituir parte do crime não deixarão de ser investigado “, confirmou fonte da Procuradoria-Geral da República ao SAPO24.
“Esta investigação está a ser conduzida pelo Ministério Público do DIAP em Évora”, confirmou a mesma fonte.
O número de infectados com covid-19 na aldeia de Mora, distrito de Évora, ascendeu hoje a 54, mais quatro do que na quinta-feira.
A pandemia também levou à internação de cinco pessoas no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), quatro em cuidados intensivos e uma em enfermaria.
Uma fonte do HESE revelou à Lusa que os quatro doentes internados na Unidade de Terapia Intensiva de Covid, três homens e uma mulher, têm entre 64 e 69 anos, enquanto o doente internado na enfermaria, um homem, tem 89 anos.
Esse surto ocorreu no dia 9 deste mês, quando foram confirmados os três primeiros casos positivos na comunidade, número que vem aumentando, a cada dia, à medida que os contatos de pessoas infectadas estão sendo testados.
O inquérito levantado pelo Ministério Público surge após o Presidente da Câmara de Mora ter comunicado à Agência Lusa, em meados desta semana, ter “conhecimento” das “investigações em curso por parte das autoridades policiais” sobre o surto de covid-19 na aldeia, que admitiu pode resultar de “negligência de alguém”.
“Pelo que sei, estão a decorrer investigações por parte das autoridades policiais, relativamente ao paciente zero”, porque “suspeita-se que aqui possa ter havido negligência de alguém”, disse Luís Simão.
O surto da doença causado pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 pode ser devido a “alguém que não terá se comportado como deveria, no sentido de ter percebido mais cedo a origem do surto”, declarou o prefeito.
“Espero que isso não se confirme, é claro. As autoridades estão investigando ”, mas,“ se for constatada a responsabilidade de alguém, essa pessoa deve ser severamente responsabilizada ”, defendeu.
A GNR disse à Lusa, ainda a meio desta semana, que “continua a envidar esforços para apurar pessoas que desrespeitem ou estejam a desrespeitar as regras em vigor estabelecidas pela Direcção-Geral da Saúde”.
O prefeito de Mora está em casa desde quinta-feira e “há alguns dias”, por recomendação da Autoridade Sanitária, após exames esta semana em trabalhadores do município, que revelaram duas pessoas infectadas.
“O meu covid-19 deu negativo, mas ao contactar os documentos passados pelos dois infectados na câmara, tenho que ficar aqui e trabalho a partir de casa”, disse à Lusa.
De facto, o encerramento dos serviços municipais ao público, determinado em portaria assinada por Luís Simão, “vai continuar”.
“Não há outra opção. A decisão é que esses serviços fiquem fechados ao público enquanto continuarem a aparecer casos positivos e não tivermos dois ou três dias aqui, quando não houver mais casos da doença ”, justificou.
Até porque, frisou, “são oito pessoas a trabalhar na prefeitura”, atualmente, “o resto é todo em casa, por via das dúvidas”.
Segundo o autarca, os exames de rastreio da doença efectuados nas residências do município, nomeadamente em Mora, Cabecion e Pavia, “deram negativo”, faltando apenas “receber o resultado de Brotas”.
“Os testes aos bombeiros de Mora também foram realizados na quinta-feira, os militares da GNR foram todos testados e a operação de teste na comunidade continua acontecendo”, acrescentou.
A Câmara acionou o Plano de Emergência Municipal e fechou, no início da semana passada, serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, como a Oficina Infantil, a Casa da Cultura, o Centro de Lazer e quadras esportivas.
Com a população confinada em casa, por precaução, também fecharam cafés, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais.