O Ministério da Defesa proibiu na manhã desta quinta-feira (6) a decolagem de três helicópteros do Ibama, estacionados na Base Aérea de Serra do Cachimbo, sudoeste do Pará.
A aeronave faz parte de uma operação contra a extração ilegal de ouro na região. Um dia antes, agentes de agências ambientais destruíram equipamentos de extração de minerais no país indígena Munduruku.
A ordem foi dada pelo Major Brigadeiro Ar Arnaldo Augusto ao Comitê Rede Amaral do Ibama, aparentemente em resposta aos protestos.
Na quarta-feira (5), investigadores de ouro fecharam temporariamente o aeroporto de Jacareacanga depois que a Agência Federal de Proteção Ambiental destruiu dez computadores pessoais (luvas) nas minas dentro da TI Munduruku, segundo relatório não oficial. O valor de cada uma das máquinas é de aproximadamente US $ 500.000.
Na quinta-feira, um grupo de mineiros Mundurucus embarcou em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) de Jacareacanga com destino a Brasília, onde terão encontros com o governo federal sobre o assunto. Líderes indígenas que se opõem à mineração, no entanto, não são convidados a participar das discussões.
A parada da fiscalização revela divergências na atuação do Ibama e das Forças Armadas responsáveis pela Operação Brasil Verde 2 no combate às atividades ambientais ilegais na Amazônia. Os militares se opuseram à destruição de equipamentos por violadores ambientais, uma prática permitida pela legislação aplicável.
Bezerro Dourado
Em operação independente, a Polícia Federal de Santarém (PA) realizou nesta quinta-feira a Operação Bezerro de Ouro, contra um grupo criminoso envolvido na exploração ilegal de ouro na TI Munduruku. Trinta agentes executaram seis mandados de busca e apreensão em Novo Progresso e Morais Almeida, em Itaituba, epicentro da mineração ilegal na Amazônia.
Além disso, a pedido da Polícia Federal, a Justiça Federal ordenou o roubo de bens no valor de 7,8 milhões de fundos de investigação, todos estrangeiros.
A exploração ilegal do ouro atraiu os mundurukus e causou grande devastação nos afluentes do rio Tapajós, mundialmente conhecido pelas praias de Alter do Chão, próximo a Santarém, no oeste de Paris.
A investigação da PF estimou que as minas ilegais de ouro no rio Tapajós emitem o equivalente a um acidente da Samarco a cada 11 anos. Os sedimentos até mudam a cor da água nas praias de Alter, a centenas de quilômetros, na foz – o Tapajós deságua no rio Amazonas.
A mineração e a mineração são ilegais em países indígenas, mas a atividade aumentou devido ao aumento dos preços do ouro e à promessa do presidente Jair Bolsonar de regular as atividades – uma proposta governamental pendente no Congresso.
Visto Folha, a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa não respondeu aos pedidos de esclarecimentos até a conclusão deste texto.