A exaustão do manifesto a favor da democracia após os ataques do presidente Jair Bolsonar às instituições assumiu as redes sociais e as páginas de jornais nos últimos dias, buscando criar um certo clima para Diretas Já.
Se a comparação com o movimento de 1984 ainda pode parecer um pouco exagerada, há um paralelo óbvio entre os dois momentos.
Mais importante, uma associação de oponentes ideológicos contra um inimigo comum, associado ao autoritarismo. Em geral, no entanto, não há defesa explícita da destituição do presidente.
A maior iniciativa é o Movimento Somos Juntos, lançado neste sábado (30) e que salva a cor amarela – o símbolo de Diretas Já. No fim de semana, ele coletou assinaturas on-line a uma taxa de 8.000 por hora e coletou mais de 150.000 nesta noite (31).
“Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de encerrar velhas disputas em busca do bem comum”, diz o texto.
A lista de signatários varia de apoiadores do socialismo a defensores do estado mínimo. Os manifestantes afirmam representar mais de dois terços da população, citando o apoio de cerca de 30% de Bolsonarou, que está registrado em pesquisa da Datafolh e outros. Existe até um movimento chamado “Somos 70%” que ganhou nas mídias sociais.
No entanto, entre os nomes mais reconhecidos, conservadores e dissidentes do bolsonarismo raramente atuam – o músico Lobão é um deles.
O texto não cita o presidente, mas envia a ele uma mensagem clara exigindo respeito pela constituição e pela divisão do poder.
Uma das apoiadoras, a socióloga Maria Victoria Benevides, tem uma vasta experiência em outras mobilizações. Em abril de 1984, ele participou de uma fotografia histórica no topo Folha, no centro de São Paulo, u que 61 personalidades convocaram eleições diretas.
“Estávamos em uma situação em que alguém estava deixando a ditadura e agora temos medo de entrar em uma. É por isso que é mais fácil reunir turcos com membros do PT e PDT ou economistas ortodoxos que estão em aliança com outros da esquerda ”, diz ele.
Benevides, membro da Comissão de Proteção dos Direitos Humanos, diz que assinou inúmeras manifestações no passado e observa a diferença até hoje. “Eu sabia tudo no passado. Hoje trabalho com pessoas que não conheço, ou com pessoas que vejo e digo: ‘Infelizmente, eu não achava que essa pessoa pudesse assinar um manifesto comigo.’
Outra figura da fotografia histórica de 1984, o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, também assinou um novo manifesto. “O Brasil tem uma democracia consolidada, mas um presidente psicopata que o ameaça diariamente com palavras e ações”, diz ele.
Bresser, defensor da infração, diz que a importância de manifestações e petições é mostrar aos legisladores que a remoção do presidente é possível.
“Hoje, existem dúvidas sobre a viabilidade do infhach, mas isso acontecerá à medida que mais e mais pessoas demonstrarem. No mínimo, mostra aos deputados que Bolsonaro é incapaz de ser reeleito. “
Outro manifesto, voltado para o meio jurídico, apareceu no domingo (31). Intitulado Basta!, Reúne cerca de 720 especialistas jurídicos.
“O Brasil não pode continuar sendo atacado por alguém que, ungido democraticamente como Presidente da República, cumpra o nobre mandato que lhe é conferido para minar os fundamentos do nosso sistema democrático”, diz ele.
Uma das defensoras, advogada e professora Flávia Rahal, da Fundação Getúlio Vargas, diz que o manifesto reúne “vozes em defesa da democracia”.
“Este e outros manifestos reúnem pessoas que podem ter visões ideológicas diferentes, mas consideram que manter a democracia é uma parte importante do respeito à Constituição e às instituições”, diz ele.
Ela chama a atenção, disse ela, para a velocidade com que esses documentos receberam apoio. “Muitas pessoas se reuniram em pouco tempo. Isso mostra o desejo do povo de sair da inércia e agir por respeito à democracia”.
O fato de a crise estar ocorrendo no meio de uma pandemia facilita a obtenção de apoio on-line, pois manifestações de rua ou em ocasiões universitárias não são uma opção. Isso pode ajudar a explicar a multiplicação de iniciativas.
No sábado (30), foi divulgado outro documento com expoentes da lei que coletava 170 assinaturas em defesa de que as forças armadas respeitam a Constituição.
Também houve visões mais específicas, como a faculdade de presidentes de tribunais que falou em defesa do STF (Supremo Tribunal Federal) na última sexta-feira (29).
Na quinta-feira (28), um manifesto assinado por 535 membros do Ministério Público Federal defendeu uma emenda obrigando o presidente a escolher um nome na lista tríplice da Procuradoria-Geral da República. O atual PGR, Augusto Aras, não estava na lista e os promotores o veem como um pró-bolsonar.
No mesmo dia, um documento com 650 assinaturas, liderado pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares e com apoio dos músicos Chico Buarque e Caetano Veloso, pedia a formação de uma “unidade antifascista”.
“É necessário que cada um de nós adie nossos projetos legítimos e se abra, desarmado, à grande convenção de todas as forças antifascistas, que, vale ressaltar, não termina com a esquerda”, lê o documento, que menciona “duplo desastre, pandemia e Bolsonaro”. .
Recentemente, também houve um manifesto de natureza setorial, em áreas como meio ambiente e relações externas.
Para José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça do governo FHC e presidente da Comissão de Arns, é necessário consolidar a maioria dos democratas no país, mesmo considerando que um terço da população ainda apóia o presidente.
Uma pesquisa recente da Datafolhe descobriu que 43% dos brasileiros consideram o governo ruim ou muito ruim, um recorde em governança, mas a aprovação de Bolsonaro permaneceu estável em 33% – e 22% disseram que era regular.
“Temos que ter um sindicato. Forças democráticas de diferentes tendências políticas devem estar presentes neste momento, como em Diretas, onde Tancredo, Ulisses, Fernando Henrique e Lula escalaram na mesma plataforma”, diz ele.
Em 17 de maio, a Comissão de Armas se defendeu com um texto em Folha Partida de Bolsonar. “Semeando inquietação, insegurança, desinformação e, acima de tudo, colocando em risco a vida dos brasileiros, é necessário retirá-los do dever”, afirmou. Mas em nenhum lugar é mencionado como isso aconteceria, seja por império ou por outros meios legais.
Segundo Dias, o novo vale do Anhangabaú, pelo menos enquanto durar a pandemia, é uma rede social. “Temos que agir em defesa de uma imprensa livre, instituições e liberdade. Somos muito”, diz ele.
O motivo da indignação de Bolsonaro, apoiando os manifestos, deriva do que poderia ser caracterizado como um “trabalho completo”, que reúne ataques a instituições e desprezo pelo coronavírus.
“Concordamos em algumas coisas, mas estamos apenas unidos no fundamental. Não é possível continuar um governo que promova a morte “, disse Douglas Belchior, membro da Uneafro Brasil e da Coalizão Negra pelos Direitos.
Segundo ele, que também assinou o manifesto Somos Juntos, a situação dos negros piorou na atual crise. “Estamos defendendo as idéias do Iluminismo, olhe para o absurdo. Não acho que a situação antes do Bolsonar fosse boa. Mas agora está muito pior”, diz ele.
Estamos juntos
Reúne artistas e intelectuais de diferentes campos ideológicos, como Lobão e Caetano Velos. No domingo à noite, ele tinha mais de 150.000 assinaturas.
O suficiente!
Organizado por advogados e advogados, e lançado neste domingo (31), o movimento tem cerca de 700 assinaturas, que incluem nomes como Antonio Claudio Mariz de Oliveira e Claudio Lembo.
Forças armadas e democracia
O manifesto, assinado por 170 profissionais do direito, incluindo três ex-ministros da Justiça, exorta as forças armadas a respeitarem a democracia.
Presidentes das Testemunhas de Jeová
Os presidentes dos 27 tribunais do país expressaram “total apoio” ao Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de um ataque do presidente Jair Bolsonar
advogados
O evento, assinado por 535 membros do Ministério Público Federal nesta quinta-feira (28), solicitou ao Congresso a aprovação de uma proposta que obrigaria o Presidente da República a eleger o chefe da PGR por meio de uma lista de três votações da categoria.
Comissão de Direitos Humanos
A entidade emitiu uma manifestação alegando estar envolvida em “manifestações desestabilizadoras por agentes públicos” que afetam o STF e seus ministros.
Nós somos 70 por cento
Campanha contra o presidente com o apoio de celebridades como o líder Xux
Muhammad, o seja lá qual for eu seu nome, creio ter tido uma falha de digitação:
Presidentes das Testemunhas de Jeová
Os presidentes dos 27 tribunais do país expressaram “total apoio” ao Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de um ataque do presidente Jair Bolsonar