Existem mais de 116 painéis de doenças no mundo
As diversas formas de evolução da nova pandemia de coronavírus no Brasil mostram cada vez mais a necessidade de disseminação de informações sobre a doença no país. Avaliação da pesquisadora e profissional de saúde Christova Barcellos, do Observatório Cowal-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi feita durante seminário virtual Painéis indicadores de pandemia Covid-19, organizado pela Fiocruza.
De acordo com a pesquisa do Observatório, existem mais de 116 painéis de doenças no mundo. Eles fornecem dados sobre a pandemia, mas não cobrem toda a necessidade de transparência e clareza das informações de que a sociedade precisa. O pesquisador lembrou que no início da pandemia na Europa havia a percepção de que a evolução do covid-19 seria semelhante em todos os países, mas isso não aconteceu. Na Europa, o número de mortes aumentou acentuadamente, seguido por um declínio constante nas mortes. Isso não está acontecendo, porém, no México e no Brasil, onde o crescimento é cada vez maior.
“É por isso que estamos pensando nas especificidades da pandemia no Brasil. Tem uma diversidade climática gigantesca, uma desigualdade social gigantesca conhecida de todos. “Alguns fatores de risco podem explicar a gravidade no Brasil, como a alta prevalência de hipertensão, tuberculose e outros fatores”, disse.
Segundo o profissional de saúde, as informações sobre a doença nas comunidades e áreas periféricas precisam ser aprofundadas. Parte disso, ele ressaltou, já respondeu a iniciativas específicas do local que foram organizadas devido à falta de dados. “A taxa de mortalidade levantada pelo grupo da Fiocruza com a participação intensiva de pessoas dessas comunidades nessas favelas é de 13%, valor muito superior ao valor médio do restante da cidade”, revelou, acrescentando que os dados dessas iniciativas unem gestões municipais e estaduais. .
A Fiocruz está desenvolvendo pesquisa com apoio de agentes comunitários de saúde. “Os profissionais de saúde estão muito expostos ao vírus. Este é o setor onde o vírus está mais exposto e é fundamental para garantir as melhores condições de trabalho a esses profissionais. O trabalho que está sendo feito monitora não só a saúde dos agentes comunitários, mas também suas condições de trabalho ”, afirma Rodrigo Murtinho, diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict / Fiocruz). O estudo foi importante e ampliamos juntos com outros profissionais de saúde.
Casos e mortes
Segundo Barcellos, ter o número de casos confirmados e óbitos em grupos é importante para ver a dinâmica da pandemia em cada país, mas insuficiente para a tomada de decisões por gestores que precisam de informações adicionais. Um exemplo é a Itália, onde existem dados sobre o número de recuperados e quantos deles neste grupo ainda apresentam sintomas, ainda em terapia intensiva e isolamento em casa. “Esse é, do ponto de vista operacional do SUS, um indicador muito importante. Não basta ficar focado no hospital, não prestando atenção em quem está nos acompanhando em casa”, disse, recomendando que o mesmo seja feito no Brasil.
“O SUS ainda é uma grande esperança de que as pessoas salvem muitas vidas e tem alguns aspectos muito especiais que queremos identificar exatamente como tomar decisões e administrar adequadamente os recursos do SUS, apesar de todas as limitações que temos atualmente no Brasil com esse sistema”, acrescentou.
Vacina
O pesquisador da Fiocruz e um dos coordenadores do encontro, Carlos Machado, chamou a atenção para o fato de que, apesar dos esforços para finalizar os testes e as fases da vacina até dezembro, ainda há como prever quando será a vacina certa. “Temos que trabalhar na ideia de uma pandemia ou desastre em curso, e ainda não se sabe quando vai acabar. Isso nos obriga a pensar no futuro e como nos adaptar a esses momentos também”, observou.
“Acho que alguns ajustes serão feitos. É como trocar um pneu quando o carro está em movimento. Você não conseguirá impedir o carro de trocar o pneu.”