Sete novas espécies de coronavírus foram encontradas em morcegos no Gabão, um país na África central. Ainda não está claro se eles têm o potencial de infectar seres humanos e causar uma pandemia como a da covid-19.
Desde o surto de SARS (síndrome respiratória aguda grave) entre 2002 e 2003, sabe-se que o coronavírus pode se espalhar de morcegos para humanos, causando doenças graves. Na época, o vírus, que se espalhou pela América e Europa, estava sendo seguido por morcegos na China.
O procedimento foi semelhante ao Sars-CoV-2. As pesquisas ainda estão em andamento, mas o novo coronavírus se originou em morcegos chineses e, talvez, através de outro animal (como o pangolim), chegou aos humanos.
Um grupo de pesquisadores analisou milhares de animais selvagens – como morcegos, roedores e primatas – de províncias da África para encontrar o coronavírus. Morcegos de três espécies (Hipposideros gigas, Hipposideros cf. ruber e Miniopterus inflatus) foram encontrados vivendo em cavernas no Gabão, infectadas por sete vírus diferentes.
O estudo, realizado desde 2009, foi publicado na revista Nature. Uma das conclusões é que a ação humana, ao perturbar os habitats dos animais, está diretamente relacionada à poluição.
Os coronavírus naturalmente infectam vários animais. Nos seres humanos, eles são responsáveis por doenças respiratórias leves a graves, como SARS e MERS (Síndrome Respiratória no Oriente Médio, causada pelo vírus do camelo).
Altamente contagiosos, evoluindo rapidamente para epidemias e pandemias (nível global), eles já são os maiores problemas de saúde pública das últimas décadas. Em todo o mundo, o novo coronavírus já infectou quase 5 milhões de pessoas e cerca de 320.000 morreram.
O mecanismo de transmissão zoonótica – ou seja, quando o vírus é transmitido de animal para humano – ainda não foi descoberto. Mas saber quem são os anfitriões em potencial é um importante ponto de partida. Os cientistas identificaram os morcegos como organismos ideais para esse tipo de vírus sobreviver e evoluir, funcionando como reservatórios inativos de doenças ancestrais.
Pesquisas recentes descobriram que a sequência genética de Sars-CoV-2 é semelhante à de um coronavírus encontrado em morcegos na província de Yunnan, na China. Mas outros animais, como roedores selvagens e outros mamíferos (pangolins, civetas e até búfalos), desempenham um papel importante na cadeia de transmissão. Estudar ecologia é essencial para evitar novas pandemias.
No mês passado, o Gabão – um país com quase 90% de seu território coberto de florestas, onde caçava a vida de muitas comunidades – proibiu a venda e o consumo de morcegos e pangolins. No passado, eles já haviam tomado uma decisão semelhante sobre os primatas, que são vetores indiretos do vírus Ebola.
Dois artigos importantes publicados na revista Nature and Current Biology mostram que os coronavírus de Bat e Pangolin são uma fonte de SARS-CoV-2 causando # Covide-19, O Gabão assinou uma lei para interromper o comércio de morcegos e pangolins como precaução. https://t.co/szR7w7PjWRhttps: //t.co/2TFLvJYRtu pic.twitter.com/xKFUPhS4cu
– Prof. Lee White CBE (@LeeWhiteCBE) 3 de abril de 2020
O pangolim é o animal mais comercializado no mundo, devido ao seu grande valor na medicina chinesa. O comércio de animais selvagens e os mercados ao ar livre que os vendem para consumo foram identificados como o principal porto para a transmissão de zoonoses.