A central fotovoltaica Solara4, no concelho algarvio de Alcoutim, acaba de obter a licença de exploração da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), informou esta entidade. Foi a etapa necessária para que a megaempresa, que ocupa 320 hectares, pudesse começar a injetar energia na rede elétrica nacional.
De acordo com a DGEG, a licença de exploração da central Solara4 foi emitida a 15 de setembro, tornando esta unidade do Algarve “a maior central fotovoltaica do país e a maior central não subsidiada da Europa, com mais de 660.000 painéis instalados”.
No total, a central de Alcoutim tem uma potência de 219 megawatts (MW), cerca de cinco vezes a dimensão da lendária central da Amareleja (46 MW), o que deu a Portugal, em 2008, mas apenas por alguns meses, o estatuto de detentor das maiores usina de energia solar no mundo.
“Seu aproveitamento evitará anualmente a emissão de 177 mil toneladas de CO2 (dióxido de carbono) e permitirá o fornecimento de energia elétrica equivalente ao consumo de 200 mil residências”, explica a DGEG.
A Direcção-Geral da Energia realça ainda que “este tipo de infraestruturas é essencial para que Portugal cumpra o objetivo de promover a descarbonização do setor energético”.
Ocupando 320 hectares numa área descontínua, a central possui 40 estações transformadoras e está ligada à rede eléctrica através de uma linha de altíssima tensão que vai de Solara4 à subestação operada pela REN em Tavira.
O projeto Solara4 começou a ser pensado em 2012 pelos promotores, que dois anos depois, em 2014, procederam ao processo de licenciamento ambiental junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Estávamos então numa época em que a grande maioria da energia solar em Portugal só era possível com tarifas subsidiadas para a venda de eletricidade à rede, mas o projeto Solara4 acabaria por se tornar um dos primeiros projetos de grande escala a avançar sem garantia tarifas.
Eu sou 2016 Solara4 deu à DGEG uma garantia de 4 milhões de euros, num sinal concreto da intenção dos promotores de fazer arrancar o centro.
Promovida pela irlandesa Welink, em parceria com a China Triumph International Engineering, a fábrica de Alcoutim foi eventualmente adquirida (ainda em construção) pela alemã Allianz, no final de 2018. Em 2019, foi assinado um contrato de venda a longo prazo, válido há 20 anos, com a espanhola Audax, que será a compradora de energia.
O longo caminho de licenciamento e construção atravessou vários governos: o licenciamento ambiental começou quando Artur Trindade era Secretário de Estado da Energia, iniciou a construção quando o detentor da carteira de Energia era Jorge Seguro Sanches, e finalmente chega à fase de exploração quando o setor é supervisionado por João Galamba.
Espera-se que o status de maior usina de energia solar do país seja perdido dentro de alguns anos para outros projetos de escala ainda maior que estão sendo licenciados de Norte a Sul do país por outros desenvolvedores. A maior delas é a THSiS, uma central solar promovida pela luso-espanhola Prosolia, que terá a primeira central fotovoltaica em Portugal com mais de 1 gigawatt de potência: serão 1.008 MW de capacidade instalada. Atualmente encontra-se em fase de licenciamento ambiental.