Empresas reclamam de pagar muitas taxas em Portugal

As autoridades fiscais cobram cada vez mais vários topos de impostos em vez de impostos, como o IRC e o IVA. O alerta vem em estudo encomendado pela CIP.

As empresas queixam-se de pagar demasiadas taxas e contribuições em Portugal. Esta é a conclusão de um estudo da consultoria EY e do escritório de advocacia Sérvulo, a pedido da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que será hoje discutido em sessão na Internet.

Em Portugal, são cobradas mais de 4300 taxas, das quais 2900 são para empresas públicas. A Agência Portuguesa do Ambiente é a entidade responsável pelo maior número de taxas, totalizando 600.

“Não só o número de taxas existentes se revela excessivo e absolutamente oneroso, mas são inúmeras as dificuldades que se encontram na sua determinação para cada um dos sectores do tecido empresarial”, referem as conclusões do estudo.

Falta de Transparência

“Muitas vezes”, diz o documento, torna-se “suscetível de discussão a garantia de proporcionalidade e transparência quanto aos seus valores”. A análise conclui que o sistema fiscal português está a passar de um modelo de cobrança de impostos (como o IVA e IRS) para um baseado numa multiplicidade de valores fiscais, como os impostos e as contribuições.

Em 2018, a receita fiscal era de 37,1% do PIB, colocando Portugal no 17º lugar da União Europeia. A máquina tributária, frisa o estudo, “tem se concentrado em determinados setores da atividade econômica que se presume ter maior capacidade tributária em relação a outros”.

Chama-se a atenção para a “falta de transparência das taxas, a dificuldade em identificar o fundamento jurídico aplicável, a falta de uniformidade e a consequente dispersão e incompletude da informação” e ainda a complexidade da estrutura de cobrança e atribuição das receitas de taxas. Algumas entidades desconhecem as taxas “auto-impostas”.

Muitas dessas taxas surgiram nos últimos anos, e não apenas nas empresas. Taxas de turismo, por exemplo, aplicam-se a pernoites em acomodações. Nas empresas, para além da solidariedade adicional no sector bancário, foi criada a contribuição sobre dispositivos médicos.

“Cálculo inovador”

Os autores do estudo propõem “um cálculo inovador do peso da carga tributária das empresas considerando os impostos pagos sobre o volume de negócios, em vez do critério geralmente utilizado de impostos sobre o PIB”.

Em 2017, as empresas terão pago 20% do volume de negócios em impostos, colocando Portugal na 11ª posição entre as 27 da União Europeia. Em 2008, segundo os relatos da EY e Sérvulo, o país estaria na 16ª posição.

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