O Facebook está considerando proibir anúncios políticos em sua plataforma nos dias que antecederam as eleições gerais nos Estados Unidos, programadas para novembro deste ano, informou o jornal. Bloomberg.
Segundo fontes familiarizadas com o assunto, ainda não há decisão, mas a empresa está considerando uma proibição temporária desse tipo de conteúdo. A notícia vem como resultado da forte pressão que o Facebook está sofrendo para agir melhor contra esse partido propagação notícias falsas e discurso de ódio.
O fato de o Facebook estar pensando em proibir anúncios políticos dividiu opiniões. Por um lado, há uma crença de que essa restrição ajudará a conter a disseminação de notícias falsas.
Grupos de direitos civis, sociedade civil e advogados estão exigindo que a empresa forneça respostas mais concretas contra desinformação. Uma auditoria recente divulgou na semana passada um relatório mostrando que a empresa falhou em proteger os direitos civis, especialmente em relação ao conteúdo postado pelo presidente Donald Trump.
Por outro lado, há quem acredite que a restrição de publicidade pode prejudicar as campanhas de candidatos que usam seus últimos dias para fazer perguntas e apresentar novas informações. Além disso, nesta fase do processo, ainda existem tentativas recentes de incentivar os americanos a sair de casa para votar, porque a participação não é obrigatória.
Facebook x Zuckerberg
Se o Facebook realmente decidir proibir anúncios políticos, a medida seria contrária ao que o presidente e fundador Mark Zuckerberg vem defendendo há semanas. Para ele, a plataforma não deve ser usada para monitorar conteúdo político e que a liberdade de expressão é fundamental.
Outro argumento é que a possível remoção de anúncios políticos pode prejudicar candidatos menores e que não têm muito dinheiro para fazer campanha, de acordo com um relatório do New York Times.
Esse posicionamento Zuckerberg e o eco da falta de ações concretas de sua empresa ressoam negativo. Críticas afiadas à má administração do Facebook sobre discurso de ódio e notícias falsas destacaram a sociedade civil, empregados e empresas – vários já anunciaram que vão parar de anunciar dentro da plataforma em um grande boicote.
Ao mesmo tempo em que o Facebook passa por esse turbilhão de críticas, outras redes sociais se posicionam com mais firmeza. Um exemplo é o Twitter, que já classificou (com legendas nas postagens) publicações individuais do presidente Donald Trump como um possível equívoco e exaltação da violência.
Em entrevista ao New York Times, Vanita Gupta, diretora executiva da Conferência de Líderes sobre Direitos Civis e Humanos, disse que é positivo que o Facebook esteja pensando em estratégias. Mas é importante que a empresa possa ter um sistema que identifique dados falsos em tempo real.
“A supressão dos eleitores acontece todos os dias, e sua inatividade terá consequências profundas nas eleições”, afirmou.
No entanto, segundo o relatório, alguns grupos democratas não acreditam que a proibição de anúncios ou restrições políticas seja eficaz para acabar com notícias falsas. Os argumentos são:
- O conteúdo falso pode circular facilmente em grupos fechados em uma rede social.
- Essa restrição também afetaria as ferramentas digitais usadas nas campanhas eleitorais e poderia dificultar a aquisição de novos doadores.
- A proibição de pagar por anúncios no Facebook deixaria a disputa desigual. Donald Trump tem uma base de mais de 28,3 milhões de seguidores. O candidato democrata Joe Biden tem cerca de 2,1 milhões. Em breve, Trump teria uma vantagem mesmo sem investir em anúncios políticos.
Como Bloomberg explicou, o Facebook ainda não decidiu nada. A única certeza é que essa possibilidade de restringir ou restringir anúncios políticos na rede social será discutida por um longo tempo.