O déficit disparou no primeiro semestre do ano, chegando a 5,4 por cento no primeiro semestre. Os dados divulgados esta manhã pelo INE reflectem os efeitos da pandemia na economia portuguesa.
“Considerando todo o primeiro semestre de 2020, o saldo das Administrações Públicas (AP) situou-se em -5,4% do PIB em 2020, que compara com -1,2% no mesmo período de 2019“, revela o relatório do INE.
No segundo trimestre do ano, de abril a junho, o déficit chegou a atingir 10,5%.
“Tomando como referência os números trimestrais e não o ano encerrado no trimestre, o saldo das APs foi negativo no 2º trimestre de 2020, atingindo –4 858,2 milhões de euros (-10,5% do PIB, que compara com -2,2% no mesmo trimestre) ”, acrescenta o instituto.
O INE sublinha que este segundo trimestre de 2020 é assim “o primeiro trimestre em que o efeito da pandemia se fez sentir ao longo do período”.
O relatório acrescenta que “a capacidade de financiamento da economia aumentou ligeiramente para 1,0% do PIB (mais 0,1 pp que no trimestre anterior), refletindo a redução de 2,5% da Formação Bruta de Capital (FBC) uma vez que a poupança também foi reduzida”.
Sobre capacidade de financiamento das famílias, foi de 4,0% do PIB no ano encerrado no segundo trimestre de 2020, “Mais 2,2 pp que no trimestre anterior, em resultado da forte redução da Despesa de consumo final (taxa de variação de -3,7% no ano findo no 2º trimestre de 2020)”, lê-se no documento.
O INE também revela que a taxa de poupança das famílias aumentou 12,0 pp no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, “reflectindo essencialmente a redução do consumo privado, nomeadamente do consumo privado de bens duradouros”.
Superávit das contas públicas de 0,1% em 2019
O INE salienta ainda que as Administrações Públicas registaram um excedente de 0,1 por cento do PIB em 2019, correspondente a 403,9 milhões de euros, revisando o valor avançou em março de 0,2 por cento.
“De acordo com os resultados provisórios obtidos neste ano, em 2019 o saldo das Administrações Públicas (AP) (capacidade de financiamento) atingiu 177 milhões de euros, o que correspondeu a 0,1% do PIB (-0,3% em 2018)”, lê-se noutra documento publicado pelo INE.
Face à notificação anterior, o INE afirma, “os números dos anos de 2018 e 2019 revelam revisões decorrentes da incorporação de novas informações, em que os dados de 2018 passaram a ser definitivos e os de 2019 provisórios”.
As revisões subjacentes a 2018 resultam da incorporação de informação final e detalhada, agora disponível para todas as entidades de PA, enquanto as revisões aos resultados de 2019 refletem principalmente a apropriação de dados de Informação Empresarial Simplificada (IES) e outras informações baseadas na especialização do exercício, em vez de informação baseada em fluxos de caixa, para um grupo mais amplo de entidades.
A principal revisão em 2018 e 2019 ocorre na Administração Local (mais 138,8 milhões de euros e menos 147,9 milhões de euros, respetivamente), em resultado da incorporação da informação para os municípios com base na especialização do ano, acrescenta.
O relatório também afirma que o O PIB cifrou-se em 213 301 milhões de euros em 2019, o que correspondeu a um acréscimo de 4,0% em valor (4,7% em 2018), traduzindo um crescimento de 2,2% em volume (2,8% em 2018) e um deflator implícito de 1,7% (1,8 % em 2018).
“O crescimento real da economia foi determinado principalmente pelos contributos (medidos em termos líquidos das Importações) das Despesas de Consumo Final das Famílias e das Exportações, com contributos de 0,8 pontos percentuais (pp) cada”, conclui o INE.
c / Depois de amanhã