“Feche tudo!” Foi assim que o Primeiro-Ministro anunciou a decisão de apertar as medidas para os próximos dois fins de semana e que obrigam o comércio em geral, com raras exceções, a encerrar das 13h00 às 8h00 da manhã seguinte, sábado e domingo, quando era esperado que continuasse a operar, com exceção de restaurantes e cafés.
António Costa explicou a decisão de forma simples: as pessoas estavam a apostar mais nas excepções ao estado de emergência do que no cumprimento das regras. E ele até apontou o dedo para algumas associações comerciais e empresariais que apelaram para o “furo” das medidas promulgadas. Foi um dia em que o grupo de Jerónimo Martins acabou por desistir na decisão que tinha tomado de abrir os espaços do Pingo Doce às 6h30 do fim-de-semana, depois de vários autarcas terem proibido esta possibilidade.
“Espero que não haja espaço para qualquer tipo de erro”, disse ele.
As exceções são farmácias, clínicas e escritórios, estabelecimentos que vendem alimentos até 200m2, porta a rua e bombas de gasolina, de acordo com o líder do governo. Costa sublinhou que “o comércio terá todo o sábado e domingo de manhã para trabalhar” Admitiu que os restaurantes, que só podem ter take away até às 13 horas e entrega ao domicílio após esse horário, são os mais difíceis de adaptar.
“Espero que não haja espaço para qualquer tipo de erro”
É neste sentido que o Conselho de Ministros extraordinário, reunido no Palácio da Ajuda há mais de quatro horas, aprovou um apoio à perda de receitas do sector. Para a restauração haverá uma compensação de 20% da perda de receita nos dois finais de semana, ante a média dos últimos 44 finais de semana, que será apurada por meio da nota fiscal eletrônica. Indenização que poderá ser exigida a partir do dia 25.
António Costa fez o minha culpa pela incompreensão das medidas e que obrigou a apertar a malha durante o fim de semana.
Mais 77 municípios em risco
Na reavaliação do número de municípios com maior risco de infecção, passaram de 121 para 191, sendo oito da lista anterior – Moimenta da Beira, Tabuaço, São João da Pesqueira, Mesão Frio, Pinhel, Tondela e Batalha, – e 77 novos entraram na lista atualizada. Mas nem todos correm o mesmo risco epidemiológico.
O critério definido pelo Governo para entrar nesta lista é a ocorrência de pelo menos 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Mas também existem municípios abrangidos porque estão rodeados por outros que ultrapassaram o limite estabelecido. Por outro lado, podem haver municípios com uma densidade populacional mais baixa que ultrapassa 240 casos por 100 mil habitantes devido a surtos localizados, por exemplo em lares de idosos, que podem ser excluídos da lista.
António Costa admite diferenciação de medidas nos 191 concelhos afectados:
“No próximo Conselho de Ministros vamos avaliar o prolongamento do estado de emergência, se assim for a vontade do Presidente da República. Acreditamos que se justifique uma diferenciação nas medidas destes 191 concelhos, porque a realidade é muito diferente, porque há concelhos que despendem pouco tempo 240 casos diários por 100 mil habitantes e há outro que tem mais de 3000 casos diários por 100 mil habitantes ”, disse António Costa.
“A situação é grave”, reiterou o primeiro-ministro, que admitiu que as condições conduzem à perspectiva de estender o estado de emergência ao Presidente da República. “É ficar em casa. As exceções foram eliminadas. Impossível não pensar em prolongar o estado de emergência. Desta vez as medidas serão menos intensas, mas mais prolongadas”. E voltou a apelar aos portugueses, cansados, para pensarem no esgotamento dos profissionais de saúde e no esforço do SNS.
“É ficar em casa. As exceções foram eliminadas. Impossível não pensar em prolongar o estado de emergência”
Quanto à celebração do Natal, que o governo sempre disse que quer preservar, Costa insistiu que “não queremos afetar o Natal, mas as famílias têm que estar preparadas para não se unirem. 68% dos contágios estão ocorrendo em vida social”.