Numa sessão desta tarde, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) rejeitou uma proposta para suspender a recomendação sobre o desempenho de promotores e promotores na inspeção de executivos públicos.
Recomendação, publicada no meio de uma nova pandemia coronavírus, editado pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras, Presidente do CNMP, e pelo Corredor Nacional do Conselho, Rinaldo Reis.
Associações de membros do ministério público criticaram o texto por supostamente impedir a ação executiva contra atos da administração pública, não apenas pelo governo federal, mas também nos níveis estadual e municipal.
A maior controvérsia está no artigo 2, que recomenda que a “autonomia administrativa seja respeitada” pelos gestores públicos e afirma que “apesar da falta de consenso científico”, não cabe ao ministério público adotar medidas “destinadas a mudar os méritos dessas eleições” pelo governo.
Na sessão de hoje, o conselheiro Silvio Amorim propôs que a validade da recomendação fosse suspensa até que o CNMP finalmente avaliasse o texto.
Mas a maioria dos vereadores defendeu a manutenção da recomendação e a moção por suspensão foi derrotada por 8 votos a 2.
A decisão de hoje não é a última palavra do conselho nesta questão. Depois disso, o corredor de Rinaldo Reis deve enviar uma recomendação ao CNMP para análise e o comitê pode propor mudanças. Ainda não há data para isso.
O corretor do CNMP, Rinaldo Reis, disse que concordou com a discussão do texto no conselho plenário do conselho e disse que a reação à medida foi “distorcida”.
“Foi deturpado para jornalistas, houve tentativas de uso político, chamando-o de ‘mordaça’, quando não existe”, disse Reis.
Segundo o magistrado, o texto não tem autoridade para tornar obrigatória a forma de ação dos membros do ministério público na inspeção de atos governamentais.
“É uma recomendação, não uma determinação”, disse Reis.
Apesar do peso do corretor, as associações de consultores e promotores do CNMP argumentam que a recomendação poderia facilitar processos disciplinares contra promotores ou promotores que questionam ações do governo.
Em uma nota, a Procuradoria Geral da República declarou que a recomendação assinada por Aras não era uma iniciativa da Procuradoria Geral, mas do revisor Rinald Reis e da consultora Sandra Krieger, presidente da Comissão de Saúde do CNMP.