O administrador de empresas Alexandre Borges Cabral, o novo presidente do BNB (Banco do Nordeste), demitiu o então chefe de auditoria interna da Casa da Moeda em 2017, quando o servidor estava no meio de uma investigação sobre fraude na agência. Segundo várias reportagens publicadas pela imprensa, Cabral nega a indicação política e diz que a eleição foi feita pelo próprio Bolsonaro.
A demissão do auditor gerou desaprovação e uma petição ao TCU (Tribunal de Contas Federal) promovida pela Unacon Sindical (União Nacional de Auditores e Supervisores Técnicos Federais).
Cabral presidiu a CMB (Casa da Moeda Brasileira) durante todo o mandato de Michel Temer (2016-2018). É um cargo ocupado por anos pelo PTB, partido controlado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), denunciante do escândalo de 2005 e atualmente apoiador do Bolsonar. Cabral agora presidirá o BNB conforme anunciado pela PTB e também, de acordo com reportagens, o PL.
Sediado em Fortaleza (CE), o BNB possui ativos de US $ 58,6 bilhões e é definido como “o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina”. Hoje, o banco está presente em cerca de dois mil municípios em nove estados do nordeste. O nome de Cabral foi aprovado pelo conselho de administração do banco e assumiu o cargo na terça-feira (2).
Em julho de 2017, Cabral demitiu o então chefe de auditoria interna da CMB, Auditor Federal de Finanças e Controle, José Antôni Meyer Pires Júnior. Com isso, Pires Júnior retornou ao órgão original, a CGU (Controladoria Geral da União). O CMB atribuiu a decisão ao Conselho de Administração desse órgão e declarou a necessidade de “rotação”.
A renúncia seguiu várias investigações relacionadas ao gerenciamento da CMB. De 2015 a 2019, os contratos da agência foram alvo de pelo menos duas operações conjuntas da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, da Receita Federal e da CGU: Vices e Sphinx. Grande parte desse trabalho surgiu fora da auditoria interna da Casa da Moeda, que identificou problemas nos contratos e ativou as autoridades.
Como chefe da auditoria interna da CMB desde 2012, Pires Júnior desempenhou um papel importante nas investigações que levaram ao surto de Vices em 2015 e da Esfinge em 2016. A segunda resultou na prisão do ex-chefe do Departamento Especial de Controle Tributário. Coordenação geral de inspeções de receitas federais, em Brasília.
Pires Júnior foi libertado quando continuou investigando supostas irregularidades no corpo, confirmadas dois anos depois por uma auditoria e ministros do TCU na sessão plenária de novembro de 2019.
O foco principal das investigações foram dois contratos para a prestação de serviços técnicos especializados para a implementação do Sicoba (Sistema de Controle de Bebidas) e Escorpião (Sistema de Monitoramento e Controle de Cigarros). Somente o contrato da Sicobe, assinado após um parecer indicando ofertas inaplicáveis em 2008, vale US $ 3,3 bilhões.
Estes sistemas prevêem a instalação de equipamentos de contagem de produção em fábricas de bebidas e cigarros, para que a União possa tributar produtos.
Em novembro de 2019, o TCU determinou a indisponibilidade de ativos no valor de US $ 2,2 bilhões durante um período de um ano para duas empresas contratadas pela CMB para executar o contrato. O valor seria suficiente para “garantir o retorno da dívida estimada”, exceto os ativos financeiros necessários para sustentar as atividades operacionais da empresa.
O TCU também decidiu recomendar ao CMB, “em nome de seu presidente, avaliar a destituição de qualquer cargo na comissão ou no serviço fiduciário de funcionários designados como responsáveis pelas irregularidades mostradas nas instruções enquanto aguardam o julgamento final deste processo”.
No momento da renúncia de Pires Júnior em 2017, a Unacon Sindikal afirmou que a medida assinada por Cabral não estava em conformidade com a lei aplicável. Em nota pública assinada por seu presidente, Rudinei Marques, a entidade lembrou que a lei “pretendia proteger os proprietários das unidades de auditoria interna do executivo federal, contra retaliação ou assédio no curso normal dos negócios”.
De acordo com a entidade, “a aprovação de qualquer destituição ou liberação deve ser assinada pelo Ministro da União para Transparência e Supervisão Geral após a emissão de um parecer aprovado pelo Ministro Federal de Controle Interno”, o que não seria o caso em Pires Junior.
“A situação é mais séria, dadas as operações anticorrupção que envolvem alvos, indivíduos e empresas e a empresa pública nos últimos anos, investigada pela unidade de auditoria interna. Crise moral. A crise moral deve envolver todas as instituições com bons princípios de governança, com o compromisso de fortalecer sistema de controle independente e autônomo, com garantias e prerrogativas para auditores federais e técnicos federais de finanças e controle.Portanto, os técnicos federais de finanças e controle reiteram, portanto, sua mais fiel rejeição ao Regulamento 189/2017 do Presidente Casa da Moeda do Brasil [Cabral]”, disse a entidade em nota pública.
Escolha do bolsonar
Observado em uma coluna na assessoria de imprensa do BNB, Alexandre Cabral afirmou que “o referido auditor era um funcionário nomeado pela Controladoria Geral da União (CGU). A agência possui uma política de rotação de funcionários atribuída a empresas públicas a cada quatro anos. Ele assumiu e o substituiu é o segundo auditor da GGU, nomeado pelo órgão de controle “.
Quanto aos critérios para sua eleição para a presidência, o BNB afirmou: “O novo presidente do BNB confirma que sua eleição foi feita através da seleção do currículo, com a indicação final do Presidente da República. Esta é uma escolha técnica, dada sua experiência. instituições financeiras Além de presidir a Casa da Moeda (2016-2019), Alexandre atuou no Banco do Nordeste, Chefe do Departamento de Desenvolvimento Industrial e Departamento de Avaliação do Departamento. Ele era gerente de negócios, supervisor corporativo, consultor executivo da Presidência e gerente de agência, Ele possui vasta experiência na negociação de empréstimos com bancos nacionais, internacionais e multilaterais e, mais recentemente, foi Diretor Executivo do Escritório de Promoção e Atração de Investimentos, além do relacionamento institucional do Banco com o Nordeste no Rio de Janeiro.