O teste foi desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de pesquisas médicas da América Latina e afiliado ao Ministério da Saúde do Brasil, e seu uso e comercialização já foram aprovados pelos órgãos reguladores, informou a instituição nesta quarta-feira.
Embora já existam outros testes moleculares (detecção de DNA) que podem diagnosticar hanseníase, um deles também aprovado pelo órgão regulador brasileiro, os altos custos dificultam o acesso nos países em desenvolvimento, os mais atingidos pela doença .
O chamado “Kit NAT Hanseníase” da Fiocruz, já cadastrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador), usa a tecnologia de PCR para detectar DNA da bactéria portadora da doença Mycobacterium leprae em amostras de pacientes.
A Fiocruz indicou que investiu décadas de pesquisas no desenvolvimento de um teste inédito no Brasil, que pode ajudar no diagnóstico da hanseníase, doença que atinge cerca de 27 mil pessoas por ano no país, a segunda maior do mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), embora a incidência da hanseníase tenha caído para 120 países, cerca de 200 mil novos casos da doença são descobertos a cada ano, 80% dos quais na Índia, Brasil e Indonésia.
O teste molecular é resultado de pesquisas de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) associado à Fiocruz; Instituto Carlos Chagas do Paraná e Instituto de Biologia Molecular do Paraná.
Segundo Milton Ozóri Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do MOC e coordenador do projeto, o uso de tecnologia de ponta contra doenças tropicais negligenciadas, que não chama a atenção de multinacionais farmacêuticas, é de grande importância para o Brasil e outros. países em desenvolvimento.
“Até então não existiam exames diagnósticos para leprosos, considerados padrão ouro. A virada é disponibilizar esse exame para a população vulnerável, a partir da qual a doença se desenvolve mais e carece de avanços tecnológicos”, afirmou. .
Segundo a Fiocruz, o “Kit NAT Hanseníase” é o primeiro teste molecular comercial para diagnosticar a doença desenvolvido no Brasil, e o segundo a ser registrado na Anvis.
O centro de ciências acrescentou que, por falta de acesso a um teste confiável que detecte precocemente a doença, cerca de 2.000 brasileiros fazem o diagnóstico tardio a cada ano, quando os danos neurológicos causados pela doença e que prejudicam a visão não podem mais ser evitados. e movimento de mãos e pés.
Segundo Moraes, se o Ministério da Saúde aprovar o exame para ser oferecido gratuitamente em postos públicos de saúde, a Fiocruz passará a produzi-lo em grandes quantidades.
O sistema público de saúde brasileiro já oferece tratamento gratuito para a hanseníase, que envolve a administração de uma combinação de antibióticos por um período de seis meses a um ano.