Brasil cria bloqueios que atrapalham os investimentos chineses no país – 08. 08. 2020. – Mercado

Aliado de Donald Trump, o Brasil se tornou palco de uma disputa entre Estados Unidos e China e usa barreiras técnicas para barrar não só os investimentos chineses em energia e telecomunicações, mas também no comércio.

Até o momento, dois grandes projetos já influenciaram a participação chinesa: a continuidade da usina nuclear de Angra 3 e o fundo de investimentos em infraestrutura.

Embora o governo brasileiro não esteja considerando vetar as empresas chinesas para darem continuidade às obras de Angra 3, foram definidos obstáculos que darão mais força à disputa para outros interessados, principalmente a americana Westinghouse.

Assim, os participantes das discussões confirmam que a ideia é estabelecer, em edital, que o vencedor não retira recursos das instituições sob sua supervisão, nem que faz a obra por meio de sua própria contratada.

Esta saída obrigará a preferida CNNC (China National Nuclear Corporation) a abandonar o seu projeto, o que, em teoria, poderia torná-lo mais caro do que os concorrentes potenciais: Rosatom (Rússia), EDF (França) e Westinghouse (EUA).

O investimento originalmente previsto é de R $ 17,5 bilhões, mas o valor deve superar essa marca, pois os estudos foram realizados em 2017. Novas pesquisas estão em andamento.

O vencedor do concurso, ainda sem data específica, a Eletronuclear pode contratar por
implementar o projeto.

Os assessores presidenciais dizem que a possibilidade de uma parceria de 49 por cento no empreendimento ainda não está descartada. Dada a pandemia, a União pode não ter fundos para trazer sua parte nos negócios.

A constituição proíbe que a energia nuclear seja controlada pelo setor privado.

Angra 3 foi alvo de esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal, que envolvia o pagamento de propina de empreiteira para o cargo de diretor da Eletronuclear, estatal ligada à Eletrobras responsável por uma obra paralisada desde 2015, após cerca de 60% das obras completado.

Na economia, a China aguarda aprovação do ministro Paulo Guedes para poder depositar sua cota em um fundo de investimentos de US $ 20 bilhões criado pelos dois países em 2017. Em 2017, os chineses entram com a maior fatia (US $ 15 bilhões) e esses recursos financiam projetos de infraestrutura.

Nesse sentido, o governo brasileiro deve definir o que será financiado para evitar que apenas projetos de interesse dos chineses tenham precedência.

Desde a posse de Guedes, o fundo estancou a resistência do governo brasileiro. Nenhuma reunião foi realizada para avaliar o destino do fundo – nem mesmo dos projetos.

Representantes do governo chinês mostraram inquietação com a situação aos assessores de Guedes e vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, principal interlocutor do governo.

Eles também expressaram irritação com o que veem como uma ameaça de retaliação contra o Brasil, recentemente feita pelo embaixador dos EUA Todd Chapman, se não houver restrições à participação da Huawei chinesa na construção de uma rede de telefonia 5G.

Com o leilão adiado para o primeiro trimestre do próximo ano, as operadoras terão que adquirir licenças de serviço e, portanto, contratar fornecedores, como a Huawei, para construir suas redes de quinta geração.

Em entrevista ao O Globo, Chapmann disse que o Brasil teria “consequências econômicas negativas” se não houvesse obstáculos para a China.

O domínio da telefonia de quinta geração encerrou a disputa comercial e se tornou uma questão estratégica para os dois países.

Conforme a Folha noticiou em meados de junho, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está determinado a impor algum tipo de restrição à Huawei por pressão do chanceler Ernesto Araújo e do ministro da Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno.

Bolsonaro chegou a dizer em uma transmissão pela internet que o evento levaria em conta “soberania, segurança de dados e política externa”.

A declaração foi vista pelos americanos como um sinal positivo. Recentemente, um porta-voz da embaixada chinesa no Brasil, Qu Yuhui, disse que os Estados Unidos estão tentando politizar as relações comerciais da China.

Ele afirmou que o leilão 5G será um marco e que espera tratamento isomático para as empresas chinesas em qualquer disputa comercial no Brasil.

A Ministra da Agricultura, Teresa Cristina, monitorou de perto o impasse em torno do 5G. A preocupação de sua carteira é que, caso sofra restrições, a China substitua o Brasil na compra de produtos agrícolas.

Só no primeiro trimestre deste ano, a relação comercial com os chineses no agronegócio bateu recorde histórico: as exportações somaram US $ 31,4 bilhões, representando quase 47% de todas as vendas externas no período.

Isoladamente, as compras da China foram iguais às de nove países. A União Européia liderou o bloco com 16,4% de participação, seguida pelos Estados Unidos (6,1%).

Autoridades do governo chinês estimam que a alegada dependência da China de produtos agrícolas no Brasil foi o que levou Araújo das relações exteriores a propor restrições tanto ao 5G quanto à adesão à proposta dos EUA à OMC (nenhuma China a considera mais uma economia de mercado.

Esta discussão foi realizada em uma reunião do Conselho Geral da instituição em Genebra.

Segundo técnicos, na avaliação de Araújo, se o movimento aparecer na OMC e a China for obrigada a deixar o organismo internacional, ainda será obrigada a comprar produtos brasileiros.

Técnicos agrícolas discordam. Para eles, existem outros mercados para os chineses e, se isso acontecer, os produtores nacionais sofrerão prejuízos com os bilionários. Simulações mostram que se os chineses pararem de comprar apenas 10% de nossos produtos, haverá uma perda de pelo menos US $ 8 bilhões em vendas e cerca de 800.000 negócios diretos serão reduzidos.

No entanto, segundo o técnico, o chanceler acredita que, mesmo que isso acontecesse, haveria uma mudança nas vendas brasileiras para outros destinos, movimento que contaria com o apoio dos Estados Unidos e da Austrália, países que buscam uma estratégia de redução do comércio com a China.

A busca pelo Ministério de Minas e Energia, Eletronuclear e a embaixada chinesa não quis comentar.

O Departamento de Estado e a Embaixada dos Estados Unidos não responderam até a conclusão deste texto.

O ministério da economia disse que o fundo tem problemas de gestão que não aceleram o processo de seleção do projeto.

O uso do conselho originalmente formado para administrar o fundo como forma de incentivar o investimento chinês é avaliado de uma “forma adicional” para o fundo. O mapa não continha detalhes.

Quanto à aceitação do Brasil à proposta dos EUA de pressionar a China, a Economia não quis comentar. No entanto, disse que defende “condições de mercado para um ambiente justo e competitivo no comércio internacional”.

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