Por Gram Slater | Reuters
RIO DE JANEIRO – O presidente brasileiro Jair Bolsanaro rejeitou na quinta-feira a ajuda argentina, dizendo que seu país não precisava de ajuda para lidar com as enchentes que devastaram partes do nordeste do país e mataram dezenas.
Seus comentários geraram rápida condenação do severamente afetado governador do estado da Bahia, que disse que as autoridades locais receberiam ajuda de qualquer país e que os estrangeiros deveriam relutar em entrar em contato diretamente com o estado.
Até agora, pelo menos 24 pessoas morreram e dezenas de milhares estão desabrigadas por causa do recorde de chuvas no Nordeste, em alguns casos causando o rompimento de represas e o aumento dos rios metros acima de seu tamanho normal. O governador da Bahia, Rui Costa, classificou-o como o “pior desastre” da história do estado e disse que grande parte da Bahia foi “bombardeada”.
Enquanto isso, Bolzano enfrentava críticas por continuar suas férias na praia no sul do estado de Santa Catarina, a milhares de quilômetros da zona afetada.
Em uma postagem no Twitter na quinta-feira, ele disse que o governo argentino se ofereceu para enviar 10 pessoas para instalar abrigos temporários, fornecer assistência psicológica e auxiliar na logística do esforço de resgate.
No entanto, fornecer assistência era “muito caro para o Brasil”, escreveu ele, acrescentando que as autoridades brasileiras já estavam prestando serviços. Ele disse que o Brasil já aceitou doações da agência de ajuda externa do Japão e pode aceitar a ajuda da Argentina se necessário.
“O governo brasileiro está aberto a ajudas e doações internacionais”, escreveu.
Desde a eleição do presidente de centro-esquerda Alberto Fernandez em 2019, o Brasil de extrema direita do Bolsanaro tem uma relação fria com a Argentina. Bolzano já havia chamado Fernandez de “bandido vermelho”.
Costa, o governador da Bahia de esquerda e comentarista político do Bolsanaro, disse em sua própria postagem no Twitter que o país aceitaria diretamente a ajuda de qualquer potência estrangeira.
“Falo para todos os países do mundo: não há necessidade de mandar nenhum tipo de ajuda por meio dos diplomatas brasileiros neste momento, a Bahia vai aceitar diretamente”, escreveu.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina se recusou a comentar os relatórios de Bolzano e Costa.