O presidente bielorrusso, alvo de seis semanas de protestos em massa exigindo sua renúncia, anunciou que colocará as tropas em alerta máximo e fechará as fronteiras do país com a Polônia e a Lituânia.
A decisão de Alexander Lukashenko reforça a mensagem repetida de que a onda de protestos é impulsionada pelo Ocidente, que enfrenta duras críticas da União Europeia e dos Estados Unidos.
“Somos forçados a retirar as tropas das ruas, colocar o exército em alerta máximo e fechar as fronteiras no oeste, principalmente com a Lituânia e a Polônia”, disse Lukashenko, em um fórum oficial feminino realizado em Minsk.
Lukashenko também disse que a fronteira da Bielo-Rússia com a Ucrânia será fortalecida.
“Não quero que meu país esteja em guerra. Além disso, não quero que Bielorrússia, Polônia e Lituânia se tornem um teatro de operações militares onde nossos problemas não serão resolvidos”, disse ele.
“Portanto, a partir de hoje, em frente a este salão do povo mais bonito, avançado e patriota, quero apelar ao povo da Lituânia, Polónia e Ucrânia: pare seus políticos malucos, não deixe a guerra começar“, disse.
Lukashenko não mencionou a vizinha Letônia, que, como a Polônia e a Lituânia, são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
No mesmo fórum, Lukashenko disse que a Bielorrússia não precisa de nenhum país para reconhecer as suas eleições, em resposta à resolução do Parlamento Europeu, que não aceita os resultados das eleições presidenciais de 9 de agosto, que Lukashenko venceu com 80% dos votos e que iniciou uma onda de protestos.
“Conduzimos as eleições de acordo com a Constituição e as leis do nosso país e não precisamos do reconhecimento de ninguém. As eleições foram realizadas e são legítimas”, disse ele, segundo a agência BELTA.
Na sessão desta quinta-feira, o Parlamento Europeu concordou que deixará de reconhecer Lukashenko como presidente quando terminar o actual mandato, a 5 de Novembro, após eleições que “violam todas as normas internacionais” e apelou à União Europeia para que imponha sanções aos representantes.
“Juro que não houve mentira nas eleições. É impossível falsificar 80% das eleições”, acrescentou Lukashenko.
O porta-voz do chefe da diplomacia europeia também anunciou que o oponente bielorrusso Svetlana Tikhanovskaia é esperado na segunda-feira em Bruxelas para um encontro com os ministros das Relações Exteriores da União Europeia.
O opositor anunciou que está a preparar uma lista dos membros das forças de segurança do regime responsáveis pela violência e detenções arbitrárias, com vista a um possível processo no futuro.
A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 9 de agosto, quando Alexander Lukashenko conquistou o sexto mandato presidencial, em eleições consideradas fraudulentas pela oposição e por parte da comunidade internacional.
Nos primeiros dias dos protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas de maneira vigorosa, gerando protestos internacionais e ameaças de sanções.
Os Estados Unidos, a União Europeia e vários países vizinhos na Bielo-Rússia rejeitaram a recente vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, instando Minsk a estabelecer um diálogo com a oposição.