Dificilmente um dia quando o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos ou seguidores leais não atacam a TV Globo com ódio incomum e gigantesco.
A hashtag “globolixo” tornou-se uma das mais populares nas redes sociais bolsonaristas.
Mas, leitores, você já parou para pensar no motivo pelo qual o presidente odeia tanto o maior meio de comunicação do país – o líder em TV aberta, a televisão paga e o streaming?
Porque hoje a coluna pretende buscar (pelo menos em parte) que responda e explique o que está por trás da rebelião de Bolsonar e seus alunos (e mentores, como Olav de Carvalho) contra a Rede Globo. Venha…
A primeira razão para o ódio é chamada “mágoa”
Bolsonaro tem um grande ressentimento e lesão na TV Globo e em todos os veículos do grupo porque passou décadas na Câmara dos Deputados negligenciados (ele também não fez nada de extraordinário, é bom dizer).
Apesar disso, ele nunca ouvira falar das consequências de grandes eventos nacionais ou internacionais, ou mesmo da Câmara; seus discursos não eram importantes e sua existência era literalmente negligenciada.
Para a Globo no passado, Bolsonaro era menos do que um membro do “baixo clero”. Simplesmente não era nada.
Na televisão comercial, o atual presidente encontrou eco na mídia apenas em programas humorísticos, como “CQC” ou “Superpop”, de Luciana Gimenez, na RedeTV.
Bolsonaro parece ter uma memória “seletiva”.
Ele não parece se lembrar de que agora o querido SBT também nunca amaldiçoou sua carreira e trabalha como deputado federal. E nem Record. Toda a lesão, no entanto, foi apenas para a Globo.
Outra razão para o ódio é chamada “jornalismo”.
Além de nunca estar nas notícias nos veículos do Grupo Globa – exceto de forma negativa -, o atual Presidente da República tem um grande desprezo pelo chamado jornalismo profissional e, principalmente, pela crítica.
Autoritário e em vão, é muito claro que ele apenas aceita que a mídia seja lisonjeada ou pelo menos tratada com respeito.
O estilo crítico, curioso e exploratório da Globo – e jornais como “Folha“- incomoda e lembra profundamente o presidente, que sempre pregou (como Lula !!!) como a alma mais sincera do Brasil.
A mesma coisa com os filhos do presidente.
Antes da eleição do pai, eles estavam cheios de “dificuldades”. Um disse que não precisava de um fórum privilegiado; outro desafiou alguém a encontrar um ato de corrupção em sua carreira.
Como todos sabem, não apenas três filhos, mas vários outros membros e ex-membros da família Bolsonaro estão agora envolvidos em investigações que vão desde pura corrupção (“rachaduras”) e lavagem suspeita – sem mencionar a ameaça às instituições democráticas (o “gabinete”). ) de ódio “).
O fato de a Globo ser uma das principais figuras na publicação desse tipo de notícia – e de ter sido até a fonte de algumas investigações – não cai na garganta do Presidente da República.
A terceira razão para o ódio é chamada de “sentimento de injustiça”
Os casos sobre ele publicados pela Globo, e nunca confirmados, o revoltaram, mesmo de forma descontrolada.
O Jornal Nacional revelou que um goleiro em um condomínio onde o presidente mora no Rio disse à polícia que ele era um dos Os assassinos da prefeitura Marielle Franco Uma hora se passou antes do crime na casa presidencial, outro motivo de amargura e desejo de vingança.
Jair Messias Bolsonaro, 65 anos, também acredita que a TV no Rio de Janeiro assombra seus filhos (como qualquer veículo liberado) e considera tudo um assunto pessoal.
Ele já reclamou publicamente que a TV cobre investigações de “crack” (apropriação de parte dos salários de funcionários de escritórios) e fala apenas sobre seu filho Flavius e seu ex-assistente, um soldado aposentado. Fabrício Queiroz.
Enquanto isso, ignora outros deputados que foram investigados no mesmo caso – ainda há alguma razão para isso.
A quarta razão é chamada “dinheiro”
Sim, a quarta razão pela qual Bolsonaro odeia o Globo é “dinheiro”. Não o que entra no bolso, mas o que sai do bolso do governo.
Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019, o presidente e seus apoiadores tentaram de todas as formas sufocar financeiramente o Globo.
Uma pesquisa informal desta coluna aponta que somente a TV Globo recebeu publicidade direta do governo federal (excluindo agências estaduais e outras) entre 400 milhões e 500 milhões de rupias por ano nos governos finais de Lula, Dilma e Temer.
Isso representaria de 4% a 5% dos US $ 10 bilhões em receita somente da televisão (e não de todo o Grupo Globo, que é de US $ 13 bilhões).
Hoje, com a Bolsonar, esse valor seria no máximo 10%: R $ 40 milhões – isso é muito.
Esse valor não deve estar muito longe do que o governo deveria gastar este ano em publicidade na Record e no SBT.
Com a diferença de que o ibope dessas duas emissoras juntas é apenas 75% do ibope da própria Globo.
Desde o ano passado, a Secretaria de Comunicações (Secom) fechou as torneiras da Globa e de todo o seu grupo.
A emissora respondeu ao momento atual cortando custos, mas ainda fazendo grandes investimentos em outras plataformas.
Custos e vítimas de guerra
Tendo dito tudo isso, a decisão de Bolsonaro de declarar guerra ao Globo também tem enormes custos para seu governo.
Primeiro de tudo, as campanhas de campanha a partir daí darão sua visibilidade em todo o Brasil.
Lembre-se: os bolonaristas não são a maioria da população, nem o eleitorado, muito menos os telespectadores brasileiros. Que assim seja hashtag #globolixo já teria algum efeito e afundaria o público da TV.
Globo está “sangrando” por boicote?
Provavelmente sim, mas até agora parece não haver sangramento que leve à morte ou até à UTI.
A estação possui uma gestão altamente profissional, está muito bem preparada e reduz custos e despesas ao longo dos anos.
O efeito colateral do boicote é que ele atingiu os inocentes: profissionais talentosos e sérios que, em alguns casos, até apoiam o presidente. Sem mencionar os jornalistas (leia mais abaixo).
Além disso, o Grupo Globo investiu fortemente em outras mídias, como streaming, e ainda está presente e investindo em TV paga.
Em resumo: com ou sem dinheiro do Estado, a Globo continua e, por muito tempo, não será apenas a maior receita de mídia do Brasil, mas também a maior audiência de televisão aberta, televisão paga e agora transmitida (diz a lenda que a Globo Play já tem mais de 5 milhões de assinantes).
Sabendo disso, o presidente se dirige à delegacia da família Marinho de outras maneiras, que podem ser consideradas mesquinhas e até desumanas.
1 – Jornalistas e profissionais que lidam com multas são sistematicamente atacados, insultados e até ameaçados em entrevistas coletivas; eles também se tornaram alvos físicos dos radicais bolcheviques nas ruas;
2 – Bolsonaro e seus ministros ou funcionários boicotam os relatórios mundiais enviando ocasionalmente seus jogadores aos concorrentes; A Globo foi a última a saber e anunciou que, por exemplo, estava com o Covid-19;
3 – Além de prejudicar o Globo, o governo usa o diametralmente oposto a outros veículos como o Brasil da CNN – cujo ibope é o “cisco” da Globo e não chega nem perto do GloboNews na TV paga;
4 – Bolsonaro e seu ministro das Comunicações, Fábio Faria, até agiram em detrimento dos parlamentares (que pretendiam) prejudicar a emissora em futebol e especialmente no caso das finais do campeonato no Rio.
A ação terminou em favor do SBT “aliado”;
5 – Nos bastidores, o presidente e seus aliados estão trabalhando em uma tentativa de admissão desde o ano passado Fórmula 1 Globo também;
Bolsonaro x Globo
A persistência na guerra pode prejudicar Globa, mas ele certamente tem o potencial de prejudicar Bolsonar da mesma maneira, se não mais.
Se a Globo “assombra” o Bolsonar? Não acredito que isso seja perseguição, mas a natureza inata do jornalismo crítico da emissora (goste ou não) praticado em governos recentes – FHC, Lula, Dilma, Temer – mostra que nenhum presidente escapou de seu viés excessivamente incisivo e questionável.
Se a Globo comete um erro e já cometeu um erro com o Bolsonar? Não tenho dúvidas disso.
Ele foi intencionalmente desonesto? Talvez, mas não posso provar. Mas acho que se isso aconteceu, foi somente depois que ele sofreu a declaração de guerra do próprio presidente.
Mas não posso deixar de notar como a Globo e a GloboNews “cancelam” não apenas o Bolsonar, mas praticamente qualquer outro político ou figura que o apóie.
Os bolsonaristas não têm espaço ou tempo em programas globais, e isso é algo ruim para o jornalismo e para o equilíbrio da mídia como um todo.
Não estou falando em dar um “palco para os loucos”, como a CNN Brasil fez de maneira aberta com alguns “terraplanistas”, mas dando pelo menos um pouco de espaço ao oponente.
Sei que no bolsonarismo não é fácil encontrar alguém articulado e razoável, mas também é um desafio para as emissoras de televisão.
Do outro lado da moeda, era impossível não notar que antes da pandemia Globo (como pessoa jurídica) não ocultava que ele tinha enorme simpatia pelas propostas do Ministro da Economia do atual governo, Paulo Guedes.
De fato, ele sempre foi o único jogador bolonar com reputação, mas o The coronavírus ele terminou.
Mas a questão final ainda surge: depois de deixar o Palácio do Planalto (possivelmente se ele não for reeleito em 2022) Jair e seu governo podem ser investigados por uma série de irregularidades cometidas no exercício de sua posição atual em relação à mídia.
Não apenas por causa do boicote ao Globo, mas também por veículos insignificantes que ganham dinheiro e publicidade apenas para apoiar seu governo.
Ninguém acredite em nenhum mandato. A história mostra que isso não existe no Brasil ou no resto do mundo.
Entre outras possibilidades, Bolsonaro pode ser acusado de assediar, discriminar e prejudicar a empresa de mídia e seus profissionais em benefício de outros que buscam apoio do governo.
Vivemos – infelizmente para os bolcheviques “ideológicos” – democracia, não ditadura.
A governança democrática requer respeito por leis, regulamentos e é toda uma liturgia que precisa ser cumprida e respeitada.
Bolsonaro e seu primeiro escalão (incluindo dezenas de soldados) parecem esquecer que todos fazem parte de um governo de transição.
Todos eles representam, mas NÃO são estados, e terão que arcar com as consequências e ser responsáveis agora e no futuro, não apenas pelos tribunais, mas também pela história.
Globo? Agora, a Globo cobrirá.