Os que já foram surpreendidos por uma queda de 1,5% no PIB (produto interno bruto) no primeiro trimestre e surpreendidos por uma queda de 5,9% no IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central) em março abriram a queda ainda mais abertamente produção industrial em abril. Foi um declínio sem precedentes, que mostrou que uma parte importante e estratégica do setor industrial simplesmente parou, no primeiro mês cheio de coexistência com a pandemia de Covid-19.
Com queda de 9,1% em março e queda de 18,8% em abril, a produção industrial recuou 30% no período de dois meses. O nome é esse colapso e o desastre não foi apenas pior, como a maioria dos analistas previra, já que os segmentos de alimentos, higiene e produtos de limpeza e medicamentos registraram expansões um pouco maiores em abril.
Bens de capital, veículos e bens de consumo entraram em colapso. Mostrando que ninguém está pensando em investir, a produção de bens de capital registrou uma queda sem precedentes de 41,5% em relação a março, enquanto o volume de bens de consumo produzidos caiu 26%, com o segmento de bens duráveis sofrendo uma retirada de 80%. Nesse grupo, a atenção da produção é atraída pela produção de veículos, com queda de 90% em relação a março de 2020 e abril de 2019.
Outros sinais já conhecidos em abril, incluindo os do mercado de trabalho, onde as demissões, além das de março, excederam um milhão de empregos, estão igualmente estagnadas no varejo e nos serviços. Geralmente na derrubada, a agricultura é um setor a ser salvo, com aumento das exportações e manutenção da oferta doméstica.
Após dados industriais, as projeções de que o segundo trimestre representará o fundo da atividade econômica em 2020 foram fortalecidas e o declínio projetado permaneceu próximo de 10%.
Nos dados já conhecidos de maio, é possível encontrar uma recuperação, o que reforça a crença de que uma grande queda na atividade em 2020 ocorreu em abril. Mas o alívio que poderia acontecer no último mês deve ser tomado com cautela.
A base de comparação muito baixa é a principal razão dessa previsível “recuperação”, mais estatística do que verdadeira. Por exemplo, no caso da indústria, as projeções são quase estáveis, de abril a maio. No entanto, em relação a maio de 2019, o declínio deve atingir mais de 25%, de acordo com as projeções atuais.
Um exemplo dessa “recuperação” estatística única pode ser encontrada na evolução do sistema vendas de veículos em maio. Comparado ao colapso de abril, houve um aumento de quase 12%, mas comparado a maio do ano passado, as vendas recuaram 75%.
O segundo semestre, dependendo do escopo das medidas para relaxar o isolamento social – que dependerá de uma redução nos casos de infecção, infecções graves e mortes por Covid-19 – deve marcar o início da recuperação. Não deve haver ilusão, com o retorno de números positivos, após sucessivos declínios históricos.
Essa recuperação não terá força para reverter a crônica anunciada da maior contração da economia brasileira em todos os momentos. Quando terminar em 2020, a economia brasileira, ao que parece, com uma redução de pelo menos 7%, provavelmente voltará ao que era há pelo menos três anos atrás.