A dificuldade de isolamento social dos moradores das favelas é clara, assim como o número de pessoas sem emprego e sem seguridade social. Todas essas necessidades, ou fomes, existiam antes da pandemia e estão crescendo ao sol e sob nossos olhos.
Há muito que insistimos em costurar a realidade com os traços de falta de organização social e indiferença, o que nos levou à enorme e irracional violência mostrada pelas estatísticas brasileiras. Na área de alimentos, podemos dizer que o Brasil nunca realmente se afastou do Mapa da Fome. Basta descobrir o número de pessoas que viviam em insegurança alimentar antes da pandemia: 52 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, sem saber se teriam algo para comer na próxima refeição. Nós estamos sétimo na lista dos países mais desiguais do mundo.
Ao mesmo tempo, estamos perdendo recursos que não cumprem sua função de gerar riqueza, treinar cidadãos saudáveis, preservar o meio ambiente, criar boa infraestrutura e criar contas governamentais excedentes, necessárias para promover o investimento social. Esses investimentos sociais devem fornecer pelo menos as necessidades básicas de todos os cidadãos.
Mas a realidade nos mostra que, como resultado da má administração pública, temos falta de saúde, moradia, educação e disseminação da violência, condição que sustenta várias fomes no país. A permanência de várias fomes é também o resultado da acomodação de grande parte da sociedade.