A fiscalização política difere do Ministério da Justiça, mas não é atípica – 5 de maio de 2020 – Poder

As atividades da Seopija (Secretaria de Operações Integradas), vinculada ao Ministério da Justiça, para monitorar politicamente oponentes e críticos do governo de Jair Bolsonar, estão além de sua autoridade, mas não são totalmente atípicas no portfólio.

A secretaria foi criada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro com a função de integrar as atividades dos órgãos de segurança pública federal, estadual e distrital com o objetivo de “prevenir e combater a violência e o crime”.

Não há previsão de supervisão política em sua estrutura organizacional. De acordo com a avaliação reservada feita por ex-ministros e ex-funcionários da pasta, por exemplo, um relatório sobre uma pesquisa de desenvolvimentos políticos não caberia à Seopa ou ao ministério.

O relatório do UOL aponta que o relatório Siope incluirá fotos e endereços nas redes sociais de 579 professores e policiais identificados como antifascistas.

O Ministro da Justiça, André Mendonça, anunciou a abertura do inquérito e, como a Folha, a renúncia de Gilson Libório Mendes, responsável pela coleta de dados do servidor.

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, disse que a informação, se verdadeira, “abre condutas incompatíveis com os princípios democráticos mais básicos do Estado de Direito”.

Em particular, ex-membros do Ministério da Justiça afirmam que o portfólio já foi acompanhado por grupos políticos ou organizações sociais durante eventos como a Jornada Mundial da Juventude (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas do Rio (2016).

De acordo com o ex-ministro da Justiça, a fiscalização das redes sociais se intensificou após o ato contra o aumento dos títulos de transporte em 2013 e foi realizada de forma sistemática em grandes eventos nos anos seguintes.

Em seguida, uma estrutura temporária – semelhante a uma sala de crise – foi criada para conduzir as análises. O grupo também incluiu integrantes de outros órgãos, como polícia federal, forças armadas e representantes estaduais da área de segurança pública.

O mesmo ministro afirma que deve haver pelo menos dois tipos de situações que justificariam a elaboração de documentos de análise de grupos sociais.

O primeiro seria o risco de realizar um grande evento. A segunda seria uma série de atos ou protestos que poderiam levar a uma convulsão social.

Membros do atual governo dizem estar preocupados que as ações contra Bolsonar estejam criando uma atmosfera de instabilidade política. Protestos que se autodenominam antifascistas realizados em junho na presença de torcedores organizados levaram parte do planalto a se defender de enquadrar os manifestantes como terroristas.

A avaliação feita pelos especialistas que ouviram Folha indica uma falta de justificação convincente para a realização do relatório Seopi.

“Competência MJ [Ministério da Justiça] não permite supervisão política. Se não houver nenhum tipo de ameaça pública que caracterize a investigação, não há motivo para autorizar esse tipo de fiscalização ”, disse Vera Chemim, advogada constitucional com mestrado em Direito Público Administrativo pela FGV.

“A ação política oposta por si só não é desculpa para acompanhar. As pessoas podem se manifestar contra o governo, exigir impeachment ou confisco, e isso não é motivo para monitoramento”, disse Clara Maria Roman Borges, professora de pós-graduação em direito penal e processo penal da Academia Brasileira de Direito Constitucional. .

Durante a gestão do ex-ministro Sergio Moreau, a Seopi estava nas mãos do ex-delegado da Polícia Federal Rosalvo Franco, que era supervisor em Curitiba no início da Operação Lava Jato.

Assessores vinculados à pasta do governo Moro confirmam que a secretaria tinha a função de integrar as operações policiais contra o crime organizado, a pedofilia, o assassinato e o cibercrime.

Uma das principais ações foi a transferência conjunta de lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) para unidades federativas.

As primeiras justificativas para a elaboração do relatório devem ser apresentadas pelo STF nesta quinta-feira (6) no STF. Cármen Lúcia cedeu seu portfólio 48 horas nesta terça-feira (4) para participar da ação Rede Sustentabilidade.

A notícia da reportagem também perturbou a cúpula do Congresso. O ministro André Mendonça foi convidado nesta sexta-feira (7) para se explicar à Comissão Conjunta de Controle de Inteligência.

Na sexta-feira (31), às vésperas da crise, o Planalto deu início à reforma do setor de inteligência.

O decreto do presidente Bolsonar mudou a posição da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e criou uma unidade no órgão, chamada Centro Nacional de Inteligência.

O objetivo do centro é “enfrentar ameaças à segurança e estabilidade do estado e da sociedade” e implementar “a produção de inteligência atual e coleta estruturada de dados”.

A unidade será a interface da Abina com as demais autoridades do Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência).

As medidas previstas no regulamento entram em vigor no dia 17, quase quatro meses após a reunião ministerial de 22 de abril, na qual Bolsonaro reclamou da falta de informações de inteligência.

A gravação desta reunião veio à tona como parte de uma investigação que investigava a suposta interferência do presidente na PF.

Em nota, o deputado afirma que a Seopi não mudou seu foco de atuação na gestão do ministro Mendonça.

“Desde que assumiu a pasta, o ministro André Mendonça tem buscado fortalecer o trabalho articulado, coordenado, sistemático e integrado do órgão de segurança pública da União com as unidades da Federação. Além disso, tem afirmado reiteradamente que todos os agentes e órgãos de segurança pública devem pautar-se pelos princípios da legalidade, imparcialidade, objetividade e segregação de informações ”, afirma.

Secretariado de Raios X

O que é Seopi?A Secretaria de Operações Policiais Integradas é órgão vinculado ao Ministério da Justiça com a função de articular as ações policiais entre governos
federal e estadual

O que você está fazendo?Assessora o Ministro da Justiça em atividades de inteligência e operações policiais. É responsável pela implementação, manutenção e modernização das redes de integração e sistemas de inteligência de segurança nacional e pela coordenação do comando integrado e centro de controle nacional

Qual é a estrutura?A Seopi é composta por dois departamentos – Operações e Inteligência – que são divididos em 11 departamentos

Quem comanda?Secretário Jeferson Lisbôa Gimenes

Quem foi libertado?Foi dispensado da Diretoria de Inteligência Gilson Libório Mendes. O delegado federal Thiago Marcantonio foi nomeado em seu lugar

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