A empresa promete criptomoedas lastreadas em ouro que nem existem em uma fazenda na Amazônia

A empresa duvidosa promete transformar a fazenda de ouro na Amazônia em criptomoedas
Foto: Shutterstock

Cryptau anunciou um investimento por tokenização em uma fazenda no sul da Amazônia que poderia ter ouro e outros minerais de valor comercial. Mas o formato, os possíveis valores comerciais e a falta de dados disponíveis sobre os responsáveis ​​pelo projeto deixam espaço para uma série de dúvidas.

Segundo a empresa, estudos técnicos indicam a possibilidade de ouro, diamantes e cassetes na Fazenda Dois Irmãos, localizada no município de Nova Aripuanã. Aqueles que acreditam nessa aposta podem adquirir pequenas propriedades – tokens, chamadas Cryptaus – que permitiriam ao investidor lucrar com a exploração comercial hipotética da área.

A fazenda é dividida em 100 milhões de chips, e o preço hoje é de US $ 237,96 – o valor é atualizado na segunda-feira. No entanto, a Cryptau diz que permite investir em um acordo de US $ 50.

No site da Cryptau, o valor estimado da propriedade é de R $ 100 bilhões, devido ao potencial de mineração. Se todos os tokens forem vendidos pelo seu valor presente, a fazenda arrecadará um total de US $ 23,796 bilhões.

Também é declarado que as emissões de token são registradas usando a tecnologia blockchain – nesse caso, a rede usada é o Ethereum.

Atratividade x transparência

Apesar da existência de ouro e outros minerais com base apenas em estudos anteriores, a empresa afirmou em comunicado que havia uma dupla atração nos negócios. Para o empreendedor, o acesso aos recursos seria mais fácil e barato do que nas fontes tradicionais de financiamento; o investidor teria segurança e privacidade nas transações de blockchain, com acesso mais fácil a um tipo de aplicativo que geralmente é limitado a grandes investidores.

O site oficial da Cryptau contém uma série de informações sobre o investimento e os benefícios do empreendimento. No entanto, poucos detalhes estão disponíveis sobre a empresa que administra os negócios e seus gerentes.

Embora o Cryptau pregue a transparência através do blockchain, quem quiser saber mais detalhes sobre uma empresa deve estar completamente familiarizado com documentos PDF que discriminam a propriedade.

Somente através deles é possível descobrir que o nome da empresa por trás da Cryptau é Teodoro Neto e Simões Solução Digital Ltda, com sede em Curitiba e inaugurado em maio de 2019. Com um capital social de R $ 100.000, seus parceiros são empresários José Marcelino Teodoro Neto e José Roberto Simões.

Papéis valiosos?

De acordo com os advogados consultados no relatório, é altamente provável que o modelo de investimento agrícola da Cryptau seja entendido como segurança. Nesse caso, tal oferta exigiria a aprovação ou renúncia da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o órgão responsável pela regulamentação do setor no Brasil.

Uma oferta de investimento fora dos padrões da CVM pode alertar o mercado para desempenho irregular – um aviso conhecido como “Stop Order”. A permanência de tal situação ainda está sujeita a sanções administrativas e, em alguns casos, práticas criminais.

Somente em 2020, segundo a pesquisa Portal BitcoinE A CVM já emitiu 15 ordens de parada, com a grande maioria proveniente de Forex e criptomoedas, oferecendo investimentos sem a aprovação das autoridades locais.

Foi perguntado à CVM se o modelo de investimento em publicidade da Crypat precisa de aprovação. O município, no entanto, não respondeu até o anúncio.

O que a empresa diz

O relatório perguntou à Cryptau sobre os responsáveis ​​pelo projeto e se ele estaria sujeito às regras da CVM, bem como a origem desse modelo de investimento.

Embora Teodoro Neto e Simões sejam os principais parceiros da Cryptau, o advogado Fernando Santos Lopes respondeu a perguntas. Ele aparece em um dos documentos disponíveis no site da empresa como um profissional jurídico responsável por adaptar o produto às leis brasileiras.

“Estritamente falando, não é um investimento, mas simplesmente uma venda de direitos de propriedade, apenas através de uma blockchain em vez de um contrato digital ou em papel”, disse o advogado. Ele negou que o projeto exigisse autorização da CVM.

No entanto, de acordo com o advogado, a compra e venda de direitos de propriedade via blockchain traz segurança e garantia às negociações e exclui a possibilidade de que o projeto seja uma fraude. [fraude].

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