Nesta quarta-feira (29), um comitê especial do Congresso dos EUA se reuniu com CEOs de grandes empresas de tecnologia – Apple, Google, Amazon e Facebook – para discutir possíveis práticas anticoncorrenciais adotadas pelas empresas.
No caso da Apple (o tópico deste blog), o foco está no seu comportamento como proprietário da App Store. A loja oficial do iPhone é a única maneira de distribuir aplicativos comerciais para os consumidores. Sempre que um aplicativo é comprado – ou conteúdo digital é comprado dentro do aplicativo, o desenvolvedor da Apple paga uma comissão de 30%.
Regras extremamente rígidas se aplicam a aplicativos de terceiros que são distribuídos pela App Store. Embora essas regras estejam descritas no documento Diretrizes de revisão de aplicativos, eles geralmente são interpretados de maneira diferente, o que cria erros, que é uma fonte comum de reclamações do desenvolvedor.
Outra questão importante diz respeito a uma certa regra, a regra que diz que todos os pagamentos por conteúdo digital feitos em aplicativos devem usar o sistema de compras no aplicativo (Compre pelo aplicativo) e pague à Apple uma comissão de 30%.
Com a existência dessas regras e o fato de a empresa não permitir a distribuição de aplicativos fora da App Store, surgiu uma acusação de anticoncorrência, após a própria Apple ter aplicativos e serviços – como Apple Music e Apple TV + – que deveriam competir com seus concorrentes. – Spotify e Netflix, por exemplo, – mas eles se beneficiam por não ter que pagar uma taxa de 30%, além de ter os benefícios exclusivos de se integrar a um sistema em um nível significativamente maior do que qualquer desenvolvedor externo poderia fazer.
Durante a sessão desta semana, Tim Cook respondeu a duas perguntas importantes sobre o assunto.
A Apple trata todos os desenvolvedores da mesma forma?
Cook perguntou sobre o tratamento que a Apple deu aos desenvolvedores, mais especificamente, se todos os desenvolvedores devem seguir as mesmas regras e ter as mesmas condições. Sua resposta foi sim, todos os desenvolvedores seguem as mesmas regras e condições.
A realidade, no entanto, é bem diferente. Algumas empresas, como Netflix e Amazon (com o aplicativo Prime Video), podem vender assinaturas e conteúdo digital por meio do sistema de compra no aplicativo, mas pagam apenas 15% de comissão, que é metade dos 30% que outros desenvolvedores precisam pagar.
Isso foi confirmado em documentos divulgados como parte do processo, incluindo um e-mail no qual Eddy Cue (gerente de serviços da empresa) fala sobre uma entrevista com Jeff Bezos (CEO da Amazon), onde foi feito um contrato para que a empresa pagasse 15% de comissão pelas assinaturas e compras feitas via seus aplicativos na App Store.
Além disso, no Prime Video, a Amazon tem acesso para comprar recursos por meio de um aplicativo que nenhum outro aplicativo precisa para permitir que você compre e alugue conteúdo de um amplo catálogo de filmes sem precisar registrá-los individualmente no sistema. A Apple compra algo que qualquer outro desenvolvedor deve fazer (além de pagar uma comissão de 30%).
Os aplicativos da Apple distribuídos na App Store seguem as mesmas regras?
O segundo problema estava relacionado aos aplicativos que a Apple oferece na App Store (entre outros, clipes, páginas, iMovie). Cook perguntou se esses aplicativos deveriam seguir as mesmas regras de restrição que os aplicativos distribuídos por terceiros. A resposta foi sim: os aplicativos da Apple distribuídos na App Store seguem as mesmas regras e restrições que os aplicativos de terceiros.
De novo, isso não é verdade. Primeiro, preciso esclarecer que quero dizer aplicativos que a Apple vende ou distribui através da App Store, não aqueles que já fazem parte do sistema (como o aplicativo Camera, por exemplo).
Veja o exemplo do aplicativo Clips, que permite aos usuários criar vídeos estilizados com música e vários efeitos. Quando você instala o aplicativo e o executa pela primeira vez, ele pode acessar sua câmera e microfone sem precisar pedir permissão, o que todos os aplicativos de terceiros precisam fazer. Isso é possível graças aos códigos “especiais” aos quais somente a Apple tem acesso.
Se o programa de outro desenvolvedor puder fazer a mesma coisa e enviar o aplicativo para a App Store, ele será bloqueado na etapa de visualização do aplicativo.
Não estou sugerindo aqui que os aplicativos da Apple solicitem permissão para usar a câmera – seria um pouco estranho. Mas, dada a situação – e o caso Klips foi apenas um dos muitos exemplos – para dizer que os aplicativos da loja da Apple seguem mesmas regras aplicativos de terceiros simplesmente não são verdadeiros.
Qual seria a solução?
Honestamente, é muito difícil encontrar uma solução para esse problema da anticoncorrência da Apple como gerente da App Store e distribuidor de aplicativos ao mesmo tempo.
Por um lado, um dos principais motivos de todas essas restrições impostas por uma empresa à distribuição de aplicativos de terceiros tem motivos muito válidos: maior privacidade e segurança para os usuários. Por outro lado, eles garantem enormes vantagens para os aplicativos da Apple em relação aos aplicativos concorrentes.
Talvez uma opção seria incluir um modelo semelhante ao porteiro Mac, que permite distribuir aplicativos sem passar pela App Store. O Mac sempre ofereceu essa opção a desenvolvedores e usuários, por isso não é uma “terra sem lei”, já que o próprio sistema já oferece vários recursos de segurança e privacidade. Esta solução assumirá o controle da Apple no total sobre a distribuição do software no iPhone, mas ao mesmo tempo eliminando a pressão regulatória a que a empresa estará sujeita.
O verdadeiro final desta história, teremos que esperar e ver.
Usei Android por + – 5 anos e quando mudei meu telefone para iPhone confesso que no começo tomei uma surra para entender e senti falta de muitos aplicativos. Porém, com o tempo fui acostumando e percebi que não precisava daqueles antigos aplicativos e hoje completo 3 anos com vários dispositivos da Apple.