O inspector José Amador, da Polícia Judiciária (PJ), disse ontem, no quinto julgamento de Rui Pinto, no Campus da Justiça, em Lisboa, que o criador do Football Leaks tinha em seu poder centenas de caixas de correio inteiras, algumas delas com alta nomes do judiciário, como a ex-procuradora-geral Joana Marques Vidal, mas também Maria José Morgado, Amadeu Correia e Adriano Cunha. «Foi um bocadinho« Caixa de Pandora », divulgou, numa sessão em que a testemunha esclareceu ainda que a PJ demorou quatro anos a obter a localização exacta do hacker e que isso só foi possível através de uma viagem do pai e madrasta para Budapeste.
José Amador disse ainda que em março de 2019, depois de regressar de Budapeste, onde se deslocou para cumprir o mandado de extradição de Rui Pinto, perdeu dois sacos de provas (de um total de 26) e percebeu que o resto do material tinha sido adulterado porque os selos foram quebrados. «Fiquei espantado, foi um misto de surpresa e pânico», disse, perante o júri presidido por Margarida Alves. Só um dia depois seria informado de que a polícia húngara equivalente à PJ portuguesa tinha recolhido todas as provas informáticas recolhidas na casa de Rui Pinto para as copiar a pedido das autoridades francesas, no âmbito de um processo em que o hacker vai ficar Uma testemunha.
Os juízes, então, queriam saber se a prova havia sido manipulada, corrompida, o que a teria tornado nula e sem efeito, conforme alega a defesa, que solicitou perícia. José Amador explicou que tudo indicava que não, pelo facto do resumo digital ser o mesmo, lembrando também que a «esmagadora maioria» do material apreendido (totalizando 23 terabytes) foi encriptado e só mais tarde foi possível aceder ao mesmo, usando senhas. fornecido por Rui Pinto.