Brasileiro premiado com IgNobel com pesquisa sobre beijos e desigualdade – 21.09.2020 – Ciência

Conhecido por premiar estudos que “primeiro te fazem rir, depois te fazem pensar”, IgNobel, ou Prêmio Nobel de Pesquisa Incrível, decidiu destacar o trabalho de um cientista brasileiro inspirado por Darwin para entender química das relações.

Marco Antonio Corrêa Varella, 38, que faz seu segundo doutorado no Instituto de Psicologia da USP, é um dos integrantes de um grupo internacional que já conquistou IgNobel Economia 2020. Ele e seus colegas mostraram que em países com maior desigualdade de renda, os casais tendem a trocar mais beijos um com o outro, enquanto países mais igualitários se comportam de forma menos romântica, pelo menos nesse aspecto. A análise, baseada em dados de 13 países em seis continentes, foi publicada na revista especializada Scientific Reports.

Varella, que era associado Folha, afirma que a equipe conhece a premiação desde o final de março. “Um e-mail com a faixa ‘estritamente confidencial’ apareceu na caixa de entrada. Chris [Watkins, pesquisador da Escócia que coordenou o trabalho] perguntou se alguém tinha alguma objeção em se conectar com IgNobel, mas todos estavam super animados. Foi uma surpresa saber que a recompensa está no campo da economia ”, brinca.

E Psicologia evolucionária visa compreender a mente e o comportamento humano com base nas motivações que seriam forjadas durante a evolução homo sapiens. Entender como e por que as pessoas escolhem seus parceiros – seja para sexo temporário ou para a vida – é um tema central nesta área, pois as características desses parceiros são fundamentais para o sucesso da criação e educação dos filhos. No jogo da seleção natural, por definição, ganha quem consegue deixar uma prole mais fértil.

“Manter a estabilidade da parceria por tempo suficiente para ser capaz de criar os filhos, isso‘ para sempre enquanto dure ’, é um dos maiores desafios da raça humana”, explica o pesquisador. “A frequência de um beijo parece ser um elemento importante no fortalecimento do vínculo de um casal em ambientes muito desiguais, onde digamos que você pode ser muito bom na foto ou muito ruim na foto e pode ficar tentado a deixar o vínculo em favor de uma opção melhor. “

Junto com outros colegas do exterior, Este ano Varella também ganhou o Prêmio Margo Wilson, oferecido pela Society for Human Behavior and Evolution. No estudo, a equipe criou um índice para mapear os fatores que levam à formação de pares cujos membros normalmente se assemelham (na verdade, essa semelhança, física, mental e cultural, é mais comum entre os casais de nossa espécie).

“A psicologia evolucionista costuma chamar a atenção do IgNobel por tratar desses temas mais populares, que nos afetam diretamente. Não vejo nenhum problema. Afinal, é tão raro conseguir rir e, na maioria das vezes, pensar ”, pensa.

Nascido em São Paulo, Varella estudou biologia na UNESCO Jaboticabala (SP) e mestrado e doutorado pela USP. Nos congressos científicos de que participou, conheceu a esposa, Jaroslava Valentova, hoje professora do Instituto de Psicologia da USP, com quem tem dois filhos.

Os brasileiros já conquistaram edições anteriores do prêmio em 2008 e 2017, em áreas como arqueologia e zoologia. Este ano, para o Brasil, também houve ênfase negativa na categoria Educação Médica. O presidente Jair Bolsonaro, junto com o americano Donald Trump e outros chefes de estado que minimizaram a pandemia, foram recompensados ​​por “ensinar ao mundo que os políticos podem influenciar a vida e a morte mais do que os cientistas e médicos”. Somos uma empresa familiar que opera.

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