Para os interessados em telejornalismo, este sábado, 8 de agosto, oferece bastante material de estudo. Naquele dia o Brasil superou marcar 100 mil mortos de acordo com covid-19 – notícias trágicas, mas esperadas.
Todas as emissoras tiveram tempo para planejar encobrir esse fato que tem um forte apelo simbólico. As opções escolhidas refletem três visões muito diferentes da situação.
De um lado está a Globo, para quem uma pandemia e cem mil mortes não podem ser entendidas sem considerar como o governo Bolsonar está lidando com a situação. Do outro lado estão Record, SBT e Band, que reconhecem a existência de uma crise de saúde, mas a veem como um problema de afastamento da esfera federal. Enfim, tem a RedeTV!, Que não tem importância nisso.
O “Jornal Nacional” de sábado dedicou 38 minutos (de um total de 64) às notícias da pandemia, especialmente o ponto de inflexão de 100.000 mortos. O texto analítico de quatro minutos atraiu inúmeras críticas à postura do presidente Bolsonar nos últimos cinco meses e questionou se seu governo está cumprindo o que a Constituição estabelece para o dever do Estado em questões de saúde.
“Jornal da Band”, “Jornal da Record” e “SBT Brasil” destacaram o marco trágico em suas inaugurações e dedicaram, em média, 10 minutos cada uma às notícias da pandemia.
A banda e a Record não fizeram nenhum esforço para explicar como o país entrou nessa situação – algo importante no momento. No SBT, um “especialista” mencionou uma “falta de união entre as esferas de governo”, mas seu depoimento, editado, não esclareceu muito.
Além de um recorde de 100.000 mortes, os três noticiários também trouxeram relatos “leves” de pandemia, como se para compensar a gravidade do momento.
“O lado bom da quarentena: com muitas pessoas trabalhando e estudando em casa, pais e filhos melhoram a convivência”, relatou o Jornal da Band. No mesmo noticiário, vimos também “Cariocas cria uma baleia para curtir na praia: cada uma na sua praça”, por iniciativa dos empresários de demarcar áreas na areia para os banhistas que são aproveitadas.
O “Jornal da Record” dedicou muito tempo para mostrar como os cães podem ajudar a detectar curvas na Alemanha. Como se a pandemia tivesse começado há uma ou duas semanas, a notícia trouxe também uma reportagem sobre “novos hábitos, que estão aí para ficar”, como máscaras e cuidados higiênicos.
O maior investimento do SBT Brasil é uma reportagem carioca que mostra como o negócio de Erika Martins, “Erika Bronze”, está oferecendo mulheres bronzeadas Realeng. “O sol na placa é a opção mais segura em uma pandemia”, relatou a notícia.
A RedeTV! News dedicou pouco mais de um minuto às notícias do dia, quase ao mesmo tempo que para a reportagem da pandemia nos Estados Unidos.
Se for verdade que “o jornalismo é o primeiro rascunho da história”, como disse Phil Graham (1915-1963), um dos proprietários do Washington Post, será difícil entender no futuro o que é uma pandemia. coronavírus no Brasil. Mas haverá informações sobre o jornalismo que era praticado na época.