A Voyage teve uma audiência cativa desde a sua introdução em 1981. Originalmente da Gol, lançada um ano antes, o sedan passou por duas mudanças até 1996, quando não cessou a produção.
O sedan não possuía uma segunda geração e não será produzido até 2008, quando a VW lançou um modelo derivado do Gol conhecido como “G5”. Poucos, no entanto, sabem que a “bola” da Voyage não existia por causa da Argentina e principalmente do espanhol.
Os “argentinos” são o Polo Classic, um modelo vendido aqui de 1996 a 2002. Quem conhece um pouco da história da VW sabe que o sedan preencheu a lacuna que ocuparia a Voyage, mas nunca teve o sucesso de seu antecessor.
Além disso, a ausência de “Gol sedada” abriu o caminho para a Fiat Sienna eles assumiram a liderança em um segmento que teria crescido significativamente desde os anos 2000.
Necessário para o login do usuário Carros carrosA assessoria de imprensa da Volkswagen do Brasil disse que estava “no momento da decisão de importar o Polo Classic da Argentina”.
Mais importante, a decisão de “matar” a viagem veio dos espanhóis: José Ignácio López foi vice-presidente e presidente da Volkswagen do Brasil. Piëcha, o então presidente da empresa.
Dois projetos
Depois de convencido da importância da venda da Voyage no mercado brasileiro, López autorizou Wolfgang Winkler, então chefe de design da VW Brasil, a desenvolver a proposta de modelo.
Tudo teria sido feito sem o consentimento da pessoa responsável pelo projeto do então fabricante de automóveis, Hartmut Warkuss, e sem assentos.
Luiz Alberto Veiga, ex-chefe de design da Volkswagen do Brasil, esteve na Alemanha para desenvolver uma nova família Gol e lembra-se de ter visto o protótipo.
“Foi feito sob o capô e parecia um Mercedes-Benz com quatro luzes redondas”, disse o designer em entrevista à Carros carros em maio deste ano.
Relatórios do site “Entusiastas de comer”, Veiga lembra que o veículo será apresentado em Wolfsburg, em uma reunião secreta realizada com os membros do conselho. A reunião, no entanto, nunca ocorreu, pois Warkuss ordenou o cancelamento assim que soube de sua realização – e desobediência.
O chefe de design pediu à Veiga que desenvolvesse outra proposta para a Voyage. Na mesma época, Warkuss marcou uma reunião com Winkler para discutir o protótipo. No final de um encontro tenso, o alemão ordenou que um Winkler zangado esperasse.
Momentos de tensão
Veiga teve que explicar a López por que a viagem “dele” não aprovaria a sede.
Insatisfeito com o que ouviu, o espanhol saiu da sala revoltado, enquanto Warkuss pediu ao brasileiro que completasse sua proposta.
López prometeu conversar com (Ferdinand) Piëch, o que Warkuss havia feito antes.
Foi realizada uma nova reunião em que Warkuss, López e o próprio Ferdinand Piëch estavam presentes. Após uma breve análise, o grande chefe deu luz verde à nova proposta que assinou Warkuß e Veiga – que abre este artigo.
O fim da “bola” da Voyage – ou não
Apenas o espanhol não desistiu. Logo depois, López ordenou o cancelamento da viagem e foi escolhido um substituto.
“Foi uma briga entre meu chefe (Warkussa) contra López e a Alemanha. Isso o deixou muito zangado (López), então ele decidiu começar o Polo Classic no Brasil”, lembra Veiga.
Embora ele não pudesse interferir nas decisões de projeto, os espanhóis tinham total autonomia de decisão na América Latina. E assim a “bola” da Voyage nunca existiu.
Ou quase assim: diz-se que o protótipo do sedan nunca foi destruído, como foi solicitado. Além disso, ainda existiria hoje.
Foi o que disse o jornalista Thiago Moreno, que viu fotos do suposto veículo durante uma conversa informal com um funcionário da Volkswagen. O vídeo está ativado Canal “Eu Falo de Carro”.
De qualquer forma, não há registro oficial deste carro.